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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Hoje levei uma das maiores lições de vida dos últimos tempos. Dada por alguém tranquilo que fez o que achou que devia e me tirou de uma situação difícil. Sem pedir nada em troca, só porque sim.

 

Saí - apanhei-me em franca recuperação e é difícil apanharem-me em casa... fui a dois ou três lugares que tinha adiado devido à gripe, e depois fui meter combustível no Rocinante e lavá-lo na máquina da Galp, com direito a cera e tudo e tudo, que ele estava tão sujinho que só aquelas escovas é que soltavam o que estava entranhado, e a cera evitava que mais pó se acumulasse ao que, com certeza, ainda não sairia nesta lavagem.

 

Ora - batam-me, vá lá! - eu não sabia que não havia ninguém a fazer a pré lavagem do carro ali, porque era costume haver - pronto, já chega... explicaram-me que era seguir a instrução luminosa da máquina, recolher os espelhos, verificar se tinha as janelas todas fechadas, colocar a ficha e ficar fora do carro. E assim fiz, fui confirmando item por item, carro - painel, carro, painel...

 

Ora tenho de dizer que o fecho central à distância já avariou há séculos, e que só é acionável na porta do condutor. E que como ando sozinha 98% das vezes, tenho o hábito - vá, batam lá - de fechar o carro à mão, empurrar o embolo e levantar o puxador. E que o meu maior pavor é ficar trancada do lado de fora... pois.

 

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Vi de fora que o carro estava travado e engatado e pensei, vou desengatá-lo. Pois pensei. Foi quando não consegui abrir a porta que percebi o que tinha feito. Nem foi preciso olhar para a ignição, CLARO que as chaves estavam lá. E a carteira, o telemóvel, estava TUDO dentro da viatura - pronto, já podem para de me bater, que nesta altura comecei eu a bater com a cabeça nas paredes. mas antes, coloquei a chapinha e dei inicio ao programa de lavagem... bloqueado mas lavadinho! E fui ao posto de abastecimento, que poderia haver alguém que soubesse arrombar carros (geralmente acontece-me cada uma...) Mas não havia, o colega estava de folga - eu disse que haveria alguém que saberia arrombar carros... - e eu sem conseguir ordenar os pensamentos, o que fazer, a três quilómetros de casa, talvez um pouco menos, com o marido no trabalho e o filho em casa, mas eu a não saber sequer o número de telefone do último de cor... uma mini epopeia. 

 

O espaço em que nos movemos tornou-se um lugar estranho, em que cada um pensa só em si e no seu umbigo. e depois quando nos acontece algo que desmonta esta perceção que já enraizámos, ficamos um bocadinho sem chão...

 

Foi nesta altura que uma das funcionárias me perguntou onde morava e já que estava alguém em casa, se eu queria que ela viesse comigo buscar a chave suplente. E eu fiquei colada ao chão. 

Não se importa? Não, não me importo nada! Temos de nos ajudar quando precisamos. E veio comigo, e o Tomás abriu-me a porta, e voltámos e eu agradeci, assim um agradecimento do tamanho do mundo e arredores, e lá entrei no Rocinante e...

 

... e ainda se encontram pessoas assim. Elas andam aí. Agora pergunto: porque é que NÓS não somos uma delas? Mais vezes? Porque é que não enchemos o mundo de atitudes positivas, e não nos ajudamos uns aos outros? Porque é que o que esta rapariga fez me deixou tão abalada por falta de hábito? Quando é que nos tornámos nestas pessoas ensimesmadas e umbiguistas? Quando é que deixámos de olhar para o outro, para o que está ao meu lado?

 

Sinto-me tão pequenina...

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