La La Land - porque a esperança não tem preço
Os Monty Pyton sabiam-na toda... lembram-se de 'Always look on the bright side of life'? La La Land é um monumento erigido nesse principio.
O filme roça o perfeito.
Podemos falar no Ryan Gosling (aliás, devemos falar no homem!) que além de atuar, toca piano (não sei se bem, dúvido que o que ouvimos seja o som que sai quando ele toca nas teclas - mas hei-de procurar a explicação oficial - mas definitivamente, toca), canta - e bem, se me permitem, embora não seja caso para marcar digressão - e dança. Não é o Fred Astaire, mas dança.
E cá entre nós, boas raparigas que somos, mesmo que fingisse que tocava piano e
martelasse as teclas ao calhas, não cantasse um cu,
e dançasse com dois pés esquerdos, a gente aplaudia. Porque ele é o Goslin...
E passemos a Emma Stone. Àquela atriz que tem aquele par de olhos que nunca mais acabam. Ela atua. Ela dança. E canta, mas com a voz num tom tão baixinho que levamos o filme quase todo a duvidar que ela consiga, de facto cantar. Como eu disse, o filme quase todo...
Quem também entra no filme é John Legend, que o co-produziu.
De resto, pronto, é do Damien Chazelle, que o escreveu e realizou. E que já tinha realizado o fantástico Whiplash - Nos Limites.
La La Land é um musical que transborda fantasia e otimismo. A canção que vai ganhar o Óscar de melhor canção (aposto o que quiserem!) arrepiou-me.
O filme é cor-de-rosa, é fofinho, é doce. A gente derrete-se. Eu derreti-me.
E chorei, pronto. Chorei. Mas agora ando armada em chorona...
por isso o facto não lhe tira nem lhe dá pontos.
Mas La La Land é muito mais de que um filme.
La La Land é uma bandeira.
La La Land grita que podem vergar-nos mas não nos quebram.
La La Land é um rasgão num céu cinza carregado por onde trespassa um sol que encandeia.
É esperança. É o copo meio cheio. É um manguito à situação política atual.
Sempre se disse que os Óscares são sobre tudo menos filmes - e sempre me enjoou a ideia. No entanto, e contra o que alguma vez pensei ser possível, eu este ano espero que isso tenha um pouco de verdade. Espero ver aquela gente que esteve atrás e à frente das câmaras subir 14 vezes as escadas e agradecer 14 vezes o prémio.
Cada Óscar entregue a La La Land é um imenso manguito mudo à política do novo presidente dos Estados Unidos. Caberá aos agraciados decidirem dar-lhe, ou não, voz, e escolherem os respetivos decibéis.
Se eu tinha reticências quanto a voltar a fazer a direta do costume para acompanhar a entrega, hoje esta esfumou-se.
Dia 26 estarei a fazer força, toda a força do mundo por um filme que merece, porque é bom.
E porque a esperança, ah, essa não tem preço!