Não vos passa pela cabeça as vezes que aqui tenho vindo, desando a escrever e depois apago tudo. Ou guardo nos rascunhos. Ou.
Ou.
A verdade é que desde aqueles dias antes do meu aniversário que tenho andado triste.
{Pronto, podem-lhe chamar deprimida, mas a verdade é que ainda não foi preciso intervir com antidepressivos, a psicanálise tem dado para o gasto. Até ver, que às vezes a linha é tão ténue que não a vejo; não é um dia de cada vez, é uma semana de cada vez, a ver se consigo levantar-me e mover-me em linha reta sem muletas. A avaliar a cada quarta-feira}
É que isto de fazer mais um ano - independentemente da idade - é uma gaita. A gente acha que vai passar airosamente pela inevitável prova dos nove a que sabemos ser submetidos consciente ou inconscientemente, mas é o passas. Parece que é nesta altura que os fantasmas saem todos dos armários.
Que queremos dormir, descansar, respirar fundo, e que os instintos básicos estão todos baralhados. Qual encher o peito de ar? A caixa torácica parece feita de chumbo.
E depois as lágrimas (novidade este ano).
E ela chora. E apetece-lhe esconder-se para chorar e ninguém ver. Mas quer que lhe façam um mimo, mas sem que se preocupem por se estar ali a desidratar desalmadamente. Mas se se esconde e não virem como é que adivinham que precisa de colo? Mas ela é forte, repete-se, enquanto limpa as lágrimas (...haja pachorra...)
E depois é o buraco no peito, e a voz que bichana 'não fizeste nada, não vales nada'.
E às tantas é o enorme enjoo de nós própri@s. Caramba, porra, arrebita-te mas é! E, ato contínuo, a lista de boas intenções:
amanhã faço,
amanhã vou,
amanhã consigo
- e de manhã a cabeça que não se quer levantar da almofada, o não vale a pena gravado a ferro e fogo.
E é isto. Um dia. Cinco. Uma semana. Mais tempo.
E quanto mais consciência tens de ti, mais duras são as descidas ao inferno, como na alegoria da caverna: é que já sabes interpretar as sombras...
O que vale é que só fazemos anos de doze em doze meses.
Balanços na última semana de dezembro?
Pfffff, isso é para meninos...
- Easy peasy...