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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Não leio blogues diáriamente. Aliás, não sou própriamente uma criatura de hábios

- tirando o ritual que vai do acordar ao pequeno almoço, e tudo o que se mete de premeio

pelo que, assim de quando em vez carrego no ícone do bloglovin, espreito meia dúzia de updates, que na maioria nem abro

- ando uma preguiçosa dos diabos

e uma vez por semana, impreterivélmente

- dar a este impreterível a mesma importância que demos a famosíssima expressão do senhor Portas...

abro a Gaffe, e leio os últimos posts todos que não li antes, de uma assentada.

Gosto mesmo deste blogue e é o único que faço questão de não perder um post

- lamento se dececiono alguém mas estou em fase de sinceridade aguda, além da já referida perguicite

Por isso, em dia Follow Friday, só posso aconselhá-la.

No domingo, não votei.

Não foi preguiça, foi mesmo protesto; não votei.

E tinha jurado não voltar a votar até que o panorama politico nacional me fizesse acreditar em  algo de diferente. Fartinha até à medula do voto de castigo: está lá o PSD? Então desta vez, TUNGA, PS - ou vice versa

(apesar de não me pautar muito por aí que eu já votei em todos os cinco partidos... mas nas legislativas, acabava quase sempre por ser ou carne ou peixe)

Mais: cheguei a jurar que só ia às urnas nas legislativas se o António Costa desse um passo à frente. António José Seguro era mais do mesmo, e apenas o habitual 'castigo'.

E não é que ontem o António Costa avançou mesmo? 

Toda a gente à espera que o homem se contivesse para a Presidência da Republica, e eu a espernear e a dizer que se o gajo fosse português com um 'P' que se visse, avançava quando sentisse que o país precisava. 'Ah, e tal, que não, que o AJS, e coiso', e eu, 'se se guardar para PR também não vou lá nessa altura'.

KAPUT.

E pronto.

Eis que começou a soprar uma levíssima brisa de esperança (levíssima, que a gente já não acredita em milagres).

E lá vou eu ter de cumprir a promessa... venham elas, e antecipadas, ó fáchavor!

27 Mai, 2014

Um pesadelo na UE

Acho que ainda não se tomou consciência, aqui por esta blogosfera, pelo menos, do pesadelo que foram os resultados das eleições de domingo. E estou a referir-me aos resultados que se vão refletir na constituição do Parlamento Europeu, não falo a título nacional.

A vitória, eu diria retumbante da extrema direita, partidos nacionalistas, neo-nazis e fascistas é arrepiante.

Será que ainda ninguém parou realmente para pensar no assunto?

Será que o ébola do Le Pen lhe ter dado a vitória em França não assusta os outros países que fazem parte da UE?

Eu, nesta altura sinto-me como se tivesse um cão raivoso à frente: é fixar os olhos, não mostrar medo, e recuar de-va-ga-ri-nho...

de repente vejo-me a caminho de ser antieuropeísta.

Não mudem as vontades e estamos a seguir um caminho, que, honestamente, me deixa assustada.

E embora António Barreto diga, e muito bem, que os partidos os diferentes países não são todos do mesmo tipo de extrema-direita, e que não vai ali criar-se um grupo uniforme e conciso, ainda assim o discernimento de uma tão grande parte dos quase 40% que ontem foram às urnas é de arrepiar.

É esperar para ver.

Sem desviar os olhos e SEM mostrar medo...

Pois que no sábado quando me deitei - e apesar de ter levado um bom bocado do dia 'naquilo' - agarrei-me ao 'Os monstros também amam' (de que jáfalei aqui), com o firme e alienável propósito de o acabar.

E acabei.

O livro é, se o tiver de definir numa palavra, um pedregulho. Foi a expressão que me ocorreu mal o pousei, com os óculos em cima, e apaguei a luz da cabeceira. 

Um pedregulho.

Não há nada para spoilar do livro: é passado no sul de Espanha, onde logo no inicio se descobre viver uma comunidade de velhos nazis a quem Franco ofereceu moradias e um secreto asilo.

Em meio a isto tudo, um velho caçador de nazis judeu, que esteve no campo de concentração de Mauthausen, e uma jovem grávida que se encontra de férias e por coincidência se vê envolvida neste mundo paralelo.

Até hoje não foram muitos (foram aliás pouquíssimos) os livros que me puxaram para dentro e me deixaram a espernear para não sair. Livros que me imploraram que lhes pegasse e continuasse no virar de paginas mesmo quando envolvida noutras tarefas. 

"Os monstros também amam" em meia dúzia de horas tornou-se quase uma obsessão. Sábado fui ao café, levei-o e estive uma hora a ler, enquanto comi um pastel de nata e bebi dois cafés. Saí do café e, ala, vou ler de frente para o rio mais uma hora. E só parei porque, bolas, tinha de vir para casa, não tardava muito e o meu 'sous-chef' chegava para nos dedicarmos ao jantar. Cheguei a casa, sentei-me no sofá e puxei do livro. O homem chegou e eu 'caramba que não consigo largar isto!'.

Larguei. Fiz o jantar, jantámos, vimos a final da Champions e eu a olhar pelo cantinho do olho para o volume ao meu lado e a repetir o mantra 'quem manda sou eu'. E mal me deitei, pronto, fui até ao fim.

Como já disse, foram muito poucos os livros que me agarraram desta maneira. Vai para o top dos mais especiais, mesmo com todo o peso que (não nos apercebemos de uma vez) tem, mas que se vai acumulando e no final... no final só me ocorreu a palavra que mencionei. 

Pedregulho.

Obrigatório.

No dia da mãe o pai dos meus filhos ofereceu-me um marcador de livros em inox escovado.

Quer isto dizer que SE eu tinha as referidas, elas extrapolaram. Senão vejamos: dos 50 obrigatórios eu li até agora...
(...ai!...)
oito. O que quer dizer que faltam 42
(isto já nem contando com o facto do 'Senhor dos anéis' e do 'Harry Potter' serem uma serie deles, mas pronto...)
E então contabilizemos: destes tenho aqui em casa sete (sim, mas os 'pacotes' do Tolkien e da Rowling estão completos e só contam por um cada...), pelo que daqui até "pontapear o balde" tenho uma mão cheia de livros para comprar (e vou começar a pesquisar nas feiras de segunda mão e no OLX). Para já procuro o '1984' do Orwell - afinal, tenho de começar em algum lado... e 'A guerra dos mundos' do H.G.Wells
(se alguém tiver para vender a baixo preço, deixem nos comentários)
Dívidas antigas... não me parece. Acho que acabei o que comecei, e o que não acabei foi porque não pegou - e eu não desisto às primeiras tentativas, de modo, que não tenho regrets.
Tenho planos e desejos, ler Saramago, muito Saramago, ler todo o Lobo Antunes, travar conhecimento (vá, batam-me, que eu até acho que devo merecer) com Philip Roth, e mais uma mão cheia de 'monstros' que incrivelmente me têm passado ao lado.
A mãe era uma fervorosa leitora de romances de cordel* (os verdadeiros) que colecionava e depois mandava encadernar a pele com lombadas gravadas com carateres a ouro (a herege!) . Aquela devassidão literária (e literária tão só por ter letras), comungava com Dumas, Dickens, Göethe (este último eu sei que nunca leu), - que me recorde, e sei que estou a esquecer de imensos - Emile Brontë, a irmã Charlotte Brontë... de modo que das duas últimas, que estão na Lista dos 50 os 'Monte dos Vendavais' e 'Jane Eyre', tenho noção de ter lido, embora não os contabilize por não me lembrar, de todo, dos mesmos (claro que conheço as histórias,mas não é isso que faz o livro).
Portanto, se por acaso não sinto que tivesse dívidas literárias, desde dia quatro deste mês tenho uma serie delas...
*a literatura de cordel, que teve origem por altura do Renascimento, com a popularidade da impressão em papel, começou por ser constituída por versos, poemas, rimas, evoluindo mais tarde para o romance. Este, a que me refiro e de que a mãe gostava particularmente, era vendido em fascículos, e obteve o seu apelido pela forma como era apresentado para venda, como se pode ver na foto abaixo.

Acabei há bocado um romance de Elizabeth Adler, 'Romance na Toscana'.

Penso que já terei falado de Elizabeth Adler, que tem como principal caracteristica o facto de ser descritiva de uma forma que nos faz sentir lá, sendo esse  qualquer um dos diversos destinos, que constam sempre do título. E depois é literatura muito, muito cor-de-rosa, que é uma coisa que não consumo por princípio, mas que me anda a saber lindamente.

E este livro trouxe-me uma imensa surpresa no final, um bónus:

FELICIDADE

nunca me tinha acontecido, fechar a contra capa de um livro e sentir o coração quente, confortável, e um sorriso que me ia do coração aos olhos.

{escusado será dizer que já fui à fnac online e pôr quatro no cesto (sim que já começou a 'feira do livro' deles), para pedir daqui a uns tempos... sem pressas que ainda tenho dois dela para ler 'nos entretantos}

Mas, e como não gosto de 'colar' estilos e muito menos autores, já de seguida - para dizer a verdade li quatro capítulos ontem quando o comprei pelo que não vou, como ia dizer, começá-lo - quando me deitar, vou pegar nele com afinco, que me parece fantástico. Ele é "Os monstros também amam" (no original, Lo que esconde tu nombre) de Clara Sánchez, que é apresentado como um fenómeno literário internacional...

Depois conto. 
E a seguir, mais Elizabeth Adler, if you please ;)

Maio começou como um mês-centrifugadora-aspirador. Daqueles em que acontece de tudo a uma velocidade estonteante.

E depois a centrifugadora avaria.

E dás por ti assim num fundo escuro, em que o chão de rocha se sente como se fora de penas e só pensas deixem-me ficar aqui. Sempre.

E depois vem uma mão e puxa-te para cima. E com ajuda, o mundo recomeça a mexer, devagar, e às tantas entendes.

Entendes que não tens de o que não consegues. E relaxas, e vais na corrente do que consegues, devagar, alternas entre o quase nada dos primeiros dias, e começas aos poucos a fazer um pouco mais. E ao computador à direita e ao livro à esquerda começam a juntar-se mais tarefas que vais desempenhando sem ansiedades nem pressas, mas que chegam. Chegam para que nada descarrile, principalmente tu.

Junho é O mês. O mês das mudanças, preparação que vais construindo devagar, tijolo a tijolo. 

Junho é o mês.

Já está mais que na hora - e vai ser tão bom :)

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