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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

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08 Set, 2015

Cancro

Finais de junho. O dermatologista encosta o aparelhómetro ao dito cujo, apoia o olho do outro lado e diz-me: é um cancro. Ainda bem que veio mostrar. É um cancro (a segunda, foi pela minha falta de reação). E continuou mas não se assuste (coisa que eu não estava, e que deixou o senhor doutor mais à vontade), este não a mata, nunca matou ninguém. Não faz metastases, é só retirar e pronto. Conversámos mais um bocadinho, e depois entregou-me um papel, agora vai marcar uma consulta de cirurgia plástica, e combina com o meu colega quando vão proceder à cirurgia. Se fosse noutro lado, até eu tirava, mas aí não o faço.

'Aí' é no rosto. No meu rosto.

Quiseram marcar a consulta para o dia seguinte (estáis a brincar, agora venho todos os dias para Setúbal, não?), mas ficou para a segunda feira seguinte.

O cirurgião plástico, homem muito despachado (e até parece que eu deixo alguém ser assim tão despachado!) mas debalde, foram quase trinta minutos e no fim já riamos e tudo. Marcámos para setembro, para eu poder fazer praia - olha a ironia! Tirando os três dias em Julho, não voltei a pôr lá os patins...

E chegou setembro.

E ontem acordei com dores de barriga e ansiosa até à medula.

E chegou hoje.

cirurgia.jpg

E daqui a pouco, às 16:30h, o senhor doutor vai fazer-me um buraco na cara com uma coisa parecida com uma colher pequenina (estão a ficar maldispostos? eu também...)., e depois vai dar uns pontos e pronto, venho para casa. E nessa altura fico a saber quando é que lá volto, para o doutor tirar os pontos e admirar o trabalho (), que os pensos, espero poder fazer aqui nas imediações.

Sei que posso ter de ir "à colher", uma segunda vez, se chegarem à conclusão de que existe alguma 'coisa' que leve ao ressurgimento de um basalioma no mesmo lugar. Mas do que intuí do cirurgião, seria um tremendo azar.

Por isso, olhem, é assim. Uma grande chatice, mas 'assimcumássim', na roleta russa dos cancros, saíu-me o melhorzinho. E diz-me o meu marido mas não ficaste inoculada, lá por teres esse, não quer dizer que não possas ter outro, que é como quem diz, quem disse que não vais ter de carregar no gatilho outra vez? 

[para entender a piada da alusão, é preciso conhecer-me mesmo bem...]

(isto tudo porque eu digo que toda a gente da minha e da próxima geração já não passa pela vida sem tropeçar num cancro. E quem me ouve pensa que já estou despachada!!!!!  E a sério que penso que quando alguém morre, neste momento, em vez de perguntarmos 'morreu de quê?' devíamos partir logo para o 'foi onde?', já que 90% das vezes é cancro.)

E então, hoje o "meu" carcinoma basaliforme (ou, o meu cancro-nos-pulmões-de-não-fumador, como o refiro, já que apanhei dois escaldões na vida, e esta coisa ao que tudo indica deve-se a MUITOS) vai à vida.

O meu Basílio - sim, que estamos juntos há tanto tempo que achei por bem dar-lhe um nome...

Até logo mais, ou assim.