Ainda não contei praticamente nada sobre as FÉRIAS
- que merecem mesmo as maiúsculas quase todas do alfabeto -
deste ano
- só não merecem mais porque foram estupidamente curtas...
Bom, quando chegámos à quinta, constatámos que não tínhamos rede para o telemóvel - ali só MEO - internet, ficava no risquinho único, pelo que até dava para ir às redes sociais e dar à língua (o que fiz com os meus filhos), e daria para postar, agora para abrir o que quer que fosse, debalde. Televisão nos quartos, nananinanão, só numa "área comum" que tinha um sofá. Mais nada.
Ora, foi chegar e 'pendurar as botas' tecnológicas, mediáticas, the works.
- e foi tão bom, tão bom!
Acompanhei os fogos na Madeira à hora de almoço - íamos à vila almoçar, e o restaurante tinha a tv ligada. Não sendo eu a pessoa da família mais ligada ao pequeno écran, não conseguia despegar os olhos da dita (sem som, como se quer), de tal maneira que o Victor se sentava de costas para a mesma - ele que até é o gajo que mal entra em casa pega no comando e dá-lhe no ON. Mas tirando aqueles mais-ou-menos 30 a 40 minutos diários, não havia (sobre)carga informativa para os meus neurónios; as férias foram mesmo férias.
No segundo dia já tinha perdido o tino: nem sabia que dia da semana era, nem há quanto tempo estávamos naquele paraíso. Fundamentalmente os nossos dias eram passados com dois medidores temporais: combinámos com o estalajadeiro que o nosso pequeno almoço seria às 9:30h, pelo que uns trinta minutos antes, se ainda estivesse a dormir, o marido acordava-me. Vestia o caftã por cima do fato de banho e descíamos. Tomávamos o pequeno almoço (fresquíssimo, semi biológico) sob uma pérgola, numa grande mesa de madeira marcada pelo tempo, e havia sempre um gato muito meigo que nos fazia companhia. O gato e vespas.
Depois, subíamos ao quarto, eu pegava no saco onde tinha os protetores e duas revistas, e íamos para a piscina. Quando o calor se tornava insuportável, estava na hora de ir almoçar. Enfiava o vestido de malha de algodão, calçava as sandálias e ala para a vila. Quando regressávamos, repetíamos a indumentária da manhã, e voltávamos para a piscina. O jantar era leve, iogurtes, fruta, bolachas... ainda íamos até às camas de rede, onde bebíamos uma última sidra/cerveja e ficávamos até cansar. Depois, recolhíamos ao quarto, hora do duche e de mimar a pele, e deitávamo-nos. Umas noites líamos outras nem isso.
O Victor adormecia primeiro, eu ficava a ouvir as cigarras, os grilos, as rãs...e o sapo, que vinha saltar para a escada que acedia ao quarto enquanto fazia um croack valente que abafava o coachar das rãs. E lá ao fundo, às vezes, ouvia-se um mocho.
À volta haviam javalis, muitos. Havia um empregado encarregado de lhes deixar sacas de comida de noite, e de manhã não havia uma migalha de sobra... e viamos corvos, milhafres... e haviam umas borboletas coloridas, grandes e lindas que vinham espreitar ao final da tarde, quando as libélulas já se tinham recolhido. E vespas. De manhã, tarde e final da mesma.
Nestes dias usei duas mudas de roupa, além do caftã e dos dois fatos de banho - um para de manhã e outro para de tarde. Calcei uns flip flops e umas sandálias rasas. Podia, por isso, ter levado um saco minúsculo com a roupa. Até isso foi um super no brainer.
Ao correr dos dias perdi vocabulário, perdi até palavras simples, esqueci autores e nomes de livros, tudo. O meu cérebro manteve apenas em funcionamento os serviços mínimos, pelo que, enquanto estive fora, nem UM livro li. Dembulei pelas paginas das quatro revistas que levei comigo, e pouco mais.
O embate do regresso foi maior quando me vi de novo em casa. Apesar e ter perdido a conta dos dias, as férias tinham durado menos de uma semana.
A fazer? Só esperar - com força - para o ano alargar o tempo fora para dez dias. Nem mais nem menos...