Este ano aderi ao grupo "livro secreto", e vou, juntamente com mais 26 companheiros de viagem, andar a receber e enviar livros uns para os outros durante coisa de dois anos e meio. Cada um de nós participou com um volume e, disse a nossa capitã, se quiséssemos podíamos explicar porque é que escolhemos o que escolhemos (passo o pleonasmo).
E então este foi o escolhido:
PORQUÊ?
O livro é passado em Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial, e foca-se sobre um grupo de crianças gémeas, cobaias de Mengele, o "médico da morte".
Soa assustador? Estou a ouvir alguns sussurros a gaja é maluca?
(bom, honestamente, pensando bem, neste momento até eu tenho dúvidas...)
A verdade é que não é tanto assim. Este livro poderá arrepiar porque nós sabemos (os que sabemos) uma pequena parte do que Mengele fez.
Mas este livro dá-nos o ângulo das crianças, e a forma que elas encontram de se refugiarem do terror a que são sujeitas. Não nos poupa completamente da(s) verdade(s), que vão pontuando a história, mas não nos obriga a olhar o horror sem desviar os olhos.
Na segunda parte, o livro assume uma velocidade diferente, e há panos que caem, e verdades que, se formam à nossa frente sem que tenhamos tempo de desviar o olhar. De qualquer forma, digo eu, nada de demasiado traumatizante, tendo em conta a veracidade dos relatos ficionados (não,não é um contrassenso), pelo menos se quisermos usar como termo de comparação tantos outros livros escritos sobre o tema.
Mas este livro é único. Este livro tem um ritmo próprio, diferente nas primeira e segundas partes. Este livro acaba por fazer-nos baixar a cabeça e tirar o boné a todas as crianças (e adultos, de resto) que estiveram sujeitos aquela subumanidade em que eram tratados como matéria humana, o 'rapar o tacho' da cadeia alimentar.
Para que não nos esqueçamos do que aquele período foi e fez, ainda para mais neste momento. Em que não é posta a hipótese de estar a surgir uma nova espécie de desumanidade, mas antes que, com o mundo de garras afiadas, prontinho para saltar para a destruição, como se NÃO TIVESSE NADA A VER...
Eu achei importante partilhar. Acredito que haja quem não o vá conseguir ler tal como acredito que haja quem o leia com vontade.
A ver vamos. E por ler as opinões espero!