A política é uma das camadas da cebola que é a minha vida. E devia ser da de todos, de resto. Ligo, ando informada, quem me acompanha aqui sabe disso, mas sem exageros - e agora os factos alternativos ainda dão menos vontade de andar muito por dentro... é mais andar a pairar e ir apanhando informações aqui e ali, fazendo a prova dos nove e formar opinião. E a fidedignidade de sites/fontes de informação cada vez é mais difícil de avaliar.
Mas.
Li agora mesmo esta noticia (também a podem ler aqui, e não me perguntem que não sei, tal como aqui, copy-paste, palavra por palavra, gralha por gralha), e estou parva. Não entendo, juro que não entendo. Sou eu que estou a ficar xexé? Existem duas leituras para o que este senhor diz?
Assimcumássim mais copy-paste menos copy-paste, aqui vão uns destaques.
Não sabendo a qual dos três orgãos de informação devo atribuir os créditos, decidam vocês.
Podem usar o velhinho um-dó-li-tá, que com a qualidade que grassa nos media,
eles não se importam de certeza...
Há um caminho óbvio, e é mais óbvio do que se parece, que é um dia nós voltarmos a ter ditaduras. (...). Quando o Salazar chegou ao poder ele criou o nome ditadura nacional e não era nada insultuoso. É bom que se tenha isto como claro. Esta história de que a democracia é uma coisa infalível, que não termina, não é verdade. Vejam o que está a acontecer na Turquia", declarou o autarca.
Isto foi ontem, numa preleção que o autarca fez numa conferência na Universidade Portucalense subordinada ao tema "A crise das lideranças". Este homem está a recandidatar-se à Câmara Municipal do Porto. Isto não vos choca? Aguardai, pois.
Para termos a nossa soberania económica, na segurança, podemos ter que precisar de ditaduras. Espero que não seja assim, mas pode suceder. Foi isso que aconteceu com o 28 de maio. Portugal estava falido, não havia ordem, não havia disciplina, a 1ª Guerra Mundial tinha sido um desastre e de repente o país quis aquilo. O 28 de maio não foi feito por uma minoria. Isso pode voltar a acontecer. Isso está a acontecer na Turquia. Isto pode suceder em estados europeus”.
E ele a dar-lhe com a Turquia! Mas não se fica por aqui...
Noutros outros países, os partidos do pós-guerra basicamente “desapareceram”, defendeu, exemplificando com Itália, França, Bélgica, Holanda ou Dinamarca, e recordando que “subitamente” partidos das “convicções” e “partidos da moralidade ou da ética”começam a crescer.
“A ser assim, é perfeitamente razoável que voltem a aparecer partidos xenófobos, partidos chauvinistas, partidos extremistas e a favor de ideias absolutamente impensáveis e que conseguem ser eleitos”, concluiu.
Explicado pelo contexto histórico, portanto. Onde é que entra a guerra, AGORA, é que não apanhei, mas está bem, quem sou eu para levantar dúvidas...
Dir-me-ão que isto está descontextualizado, e que não expressa o que o senhor pensa. Que é só uma opinião formulada sustentando-se nos factos de que os nossos partidos são "velhos", e é necessário reformulá-los para dar um novo alento a esta democracia. Coisa que até parece pensar que não é exequível, e daí a partilhar o pensamento de que vamos precisar de uma ditadura vai um pulinho, dado parecer achar a democracia dispensável - de resto como na Turquia.
Vai votar neste homem? Vai? Porreiro.
Tanta gente a votar para o Brexit, no Trump e na Le Pen ... quem sou eu para largar bitaites?
Fiquem em paz, senhores!
(a sério, apetece-me passar a negrito algumas passagens das opiniões expressas. Mas não o vou fazer, pela mesma razão que não vou corrigir as gralhas de quem escreveu o que transcrevi: porque não vale, de todo, a pena)
Fontes: DN, JN, Porto24
Foto: Porto.pt