A Rosa e o génio
Estava na sala, e enquanto isso, tirei duas ou três fotos, acabando por desistir porque a falta de luz deixava tudo entre o laranja e o vermelho, saturação e "temperatura" altíssima, e eu que ainda sabia menos que hoje regular aquilo, achei que não devia estragar (mais) o que queria perfeito.
Foi tudo como esperava, as piadas blasé de quem até nem está a dizer uma mas podem rir se quiserem, tudo acompanhado de um sorriso condescendente. E eu ali pendurada nas entrelinhas das palavras, das frases, encantada por estarmos na mesma sala. Eu que nem gosto sobremaneira de estar em pé fiquei encostada à parede durante uma hora inteirinha, e mais o tempo em que me pus na fila e aguardei a minha vez de lhe estender o livro para que o gatafunhasse. E quando esta chegou, face a face, olhos nos olhos e por entre o sorriso saiu a pergunta nome? - Fátima - ah, tantas Fátimas que houveram naquela altura, lembra-se, que confusão! - Bom, o primeiro nome não é Fátima, é Rosa, mas prefiro Fátima... - a sério, que prefere Fátima? Eu, era Rosa, diz enquanto escreve Para Fátima, e assina por baixo.
E repete, eu, era Rosa!
E eu saio da sala, depois do agradecimento de que me fogem as palavras, e o olhar perscrutador de quem quer olhar para trás do meu rosto,
a pensar na frase.
Já passaram muitos meses, para cima de um ano. E eu continuo a murmurar a mesma graçola, de mim para mim: pode ser, então não pode?? Rosa Lobo Antunes se calhar até lhe ficava bem...
E rio-me para mim em silêncio.