Vinte e quatro quilates
Há quase cinco anos atrás, a 2 de Fevereiro de 2014, fui à (na altura) Meo Arena ver Michael Bublé ao vivo pela primeira vez. Se quiserem podem ler o que escrevi aqui, qual fã deslumbrada e apatetada com o profissionalismo, o carisma, o tudo de Bublé.
E este ano regressei, com mais uns quantos concertos de jazz vistos, não tão virgem tonta como em 2014. E sem saber o que esperar. O titulo do concerto, An evening with Michael Bublé criava a expetativa de algum intimismo, mas como a (agora) Altice Arena leva só quinze mil pessoas, parecia impossível conseguir tal feito.
A noite abriu com "Feeling Good", e estava lançado o desafio a que o cantor se tinha proposto.
E o espetáculo foi-se desenrolando com tantas musicas que conhecemos, com o profissionalismo do costume, e algumas falhas quase indetetáveis em termos de som, prontamente corrigidas.
Também teve direito a canções que (pelo menos eu) não conheço, tocadas no segundo palco, em que ficou patente a alegria do cantor, e o prazer por as interpretar.
De regresso ao palco principal, cantou Forever More, limpou a emoção do rosto, e depois sentou-se nos degraus e falou connosco. E esquece-mo-nos que éramos tantos, e sentimos que estávamos sentados numa pequena sala, a conversar, melhor, a escutar a assunção das dores e o lado tão humano do profissional. E ali, naquele momento ele conseguiu o inimaginável: era cada um de nós, e ele, só. E quando falou do filho mais velho, limitou-se a pedir a continuação das orações de toda a gente que já as fez. E chorou.
E porque the show must go on, este continuou. E não faltou Everything, cantado em coro pelos quinze mil presentes.
Houve um encore, e só não pedimos mais pela noção da entrega, e do seu direito ao devido descanso.
Foi sem duvida um concerto que não se esquece. Muito diferente e mais maduro de que o primeiro, Com qualidade à prova de bala. Os 24 K mais puros que é possível ser e dar.