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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Brainstorming da semana - azul cobalto

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Semana cinco. Ainda nem chegámos a meio do desafio e eis que nos sai um valente pepino. E nem é verde (felizmente, que o verde desta semana foi um parto difícil). Não, é o infame azul cobalto.

 

Digam-me, que caixa de doze lápis de cor é que tem três tipos de azul. Três. Em miúda, havia o azul claro e o azul escuro. Mas nas caixinhas da Viarco ainda havia o "outro" azul, ótima designação para uma cor. #sóquenão.

 

Explicar o que é o azul cobalto? Vamos por partes: estão a ver o azul marinho? E estão a ver o azul claro? Pronto, o azul de que falamos não é um nem o outro, fica ali algures no meio. Se pensarem  no azul pavão... é mais ou menos isso.

 

Parece que a cor pantone de 2020 foi o dito cujo. Ó:

 pantone.png

diz que é azul clássico. Whatever.

 

E então, meus amigos, o que vos traz à memória esta cor? As primeiras coisas?

 

A mim,

          - Grécia;

          - Alentejo;

          - Marrocos;

          - Mar Mediterrâneo;

          - Férias;

          - Sol;

          - Calor.

 

E vocês? O que é que vos lembra?

 

Chamo, então, à cabine de som, mais uma vez, Concha,  A 3ª Face,  Maria Araújo,  Peixe Frito,  Imsilva,  Luísa De Sousa,  Maria,  Ana D.,  Célia,  Charneca Em Flor,   Gorduchita,  Miss Lollipop,  Ana Mestre  Ana de Deus,  Cristina Aveiro,  bii yue,  José da Xã e João-Afonso Machado.

 

Digam de vossa justiça aqui por baixo, nos cometários.

 

Preparados? 3, 2, 1... Já!!!

 

 

10 Fev, 2021

Imortal

Desafio caixa de lápis de cor, semana #4 - verde escuro

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Nada afastava a sensação de ter estado ali antes. Ela lembrava-se claramente de dedilhar aquelas teclas num frenesi, de tocar com exaltação uma e outra obra, como se a musica brotasse de dentro de si numa torrente incessante.

 

No entanto não sabia tocar piano.

 

Mareavam há dois dias e, segundo o programa, levariam pouco mais de 24 horas até aportar. O vapor cumpria todos os requisitos anunciados na brochura, e sentia-se tão relaxado quanto lhe era possível, rodeado de oceano por todos os lados. Sempre se sentira mais leve perto do mar, pelo que aquela era uma situação exemplar. Cansado de vaguear pelo deck, escolheu uma espreguiçadeira e sentou-se nesta, recostando a cabeça e fechando os olhos que, a despeito de se encontrarem protegidos por lentes escuras, se franziam sob a quente e intensa luz do sol.

 

Aceitara o convite da Compagnie Générale Transatlantique para duas exibições na viagem inaugural do Normandie sem sequer pensar duas vezes; necessitava sair de Paris, e aquela era uma excelente oportunidade. Deixava para trás a pessoa que mais amara na sua vida de adulto e que quase o tinha feito esquecer os momentos felizes que passaram juntos, quando pôs termino à sua ligação. E se a razão fora outra, talvez conseguisse entender, mas desistir de ser feliz por medo? Bernard teria deixado a sua ascendente carreira de pianista de bom grado e mudar-se-iam para a Provença, assim ele o tivesse querido. Numa casa de campo isolada na verde região, poderiam ter sido tão felizes! No entanto, o amante preferira renegar a sua natureza e viver para sempre incompleto num casamento infeliz. Tinha sido essa a sua escolha e Bernard não tinha duvidas que ele seria um marido devotado,  compensando em ternura e carinho a ausência de paixão no leito.

 

Limpou uma lágrima que começara a escorrer pelo rosto quando viu que um camareiro se aproximava. Pediu-lhe uma agua gaseificada, mas emendou o pedido para um gin. Duplo. Daí a uma hora teria de recolher ao quarto, e vestiria o smoking. Jantaria na mesa do Capitão da embarcação e, findo o jantar, teria lugar o recital em que interpretaria peças de vários compositores naquela que seria a noite mais especial da viagem inaugural do SS Normandie. 

 

Recolheu ao seu camarote antes do necessário; a nuvem negra que o acompanhava e que pensou ver dissipar-se mal se visse em alto mar, teimava não só em manter-se arreigada a si, como se tornava mais escura e pesada a cada hora que passava. Naquele momento, não fora o gin e duvidava que conseguisse ainda respirar, tal o buraco que sentia no peito. Tomou um duche, vestiu-se e dirigiu-se à mesa de cabeceira onde estava o livro que trouxera por companhia, e de entre as suas paginas retirou uma foto, a única que tinha de Frédèric. Acariciou o papel brilhante como se fora a pele do retratado, deixando mais uma vez que aquela saudade amarga o envolvesse. Guardou a foto no bolso interior do casaco e com o ar mais decidido que conseguiu, saiu do quarto pronto a enfrentar e superar a provação das próximas horas.

 

O som dos aplausos efusivos ainda reverberavam nos seus ouvidos quando saiu para o deck. A noite estava calma, estrelada e inesperadamente amena. Acendeu um cigarro e aproximou-se da amurada, onde se debruçou, olhando o mar escuro ao fundo. Começou a caminhar meio ao acaso, na direção da proa da embarcação. Ali chegado, voltou a debruçar-se sobre o parapeito e soluçou, dando livre curso às lágrimas que lhe ensopavam a alma. Nunca mais, sabia, nunca mais teria Frédèric nos seus braços, não volteria a perder-se nos seus olhos, naquelas íris verde sarapintadas de pequenos pontos tom de avelã, que tão bem conhecia. Nunca viveriam domingos preguiçosos entre café, torradas e jornais que um dia seriam espessos como livros, os cadernos divididos pelos dois. Tudo tinha sido sonho e imaginação sua. Só sua.

 

Então apercebeu-se que tinha tomado a decisão antes de embarcar no porto de Le Havre. Até mesmo antes de deixar Paris, talvez no momento em que Bernard lhe comunicara o seu noivado. O convite da CGT só lhe facilitara o processo que o trouxera até ali.

 

Passou uma, outra perna para o lado de fora da balaustrada, segurando-o atrás com as duas mãos. Pensou no rosto de Frédèric na foto guardada junto ao seu coração, nos seus imensos e sorridentes olhos verdes. Com um suspiro soltou as mãos e caiu no breu do oceano. 

 

Foram os aplausos efusivos que a despertaram, ainda com os dedos parados sobre as teclas e os olhos marejados de lágrimas. Um arrepio percorreu-a quando sentiu que aquelas lágrimas eram as de Bernard, as lágrimas que vertera em desespero. Conseguia sentir a sua impotência, a sua imensa e infinita tristeza. Retirou as mãos, e foi como se um véu se erguesse. Apoiou a mão na lateral do piano para se levantar e foi quando sentiu uma pequena placa de metal sobre os seus dedos. Debruçou-se para ver o que tinha gravado e leu:

Do SSNormandie 1936-1939

 

 

- Também deste desafio:

Conforto

Acalanto da memória

O menino de sua mãe

 

Neste desafio participo eu, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue,  José da Xã e o João-Afonso Machado.

Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio. Acompanha-nos nos blogues de cada uma, ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor". Ou então, junta-te a nós ;)

 

- não é o novo normal, é mesmo a interrupção do meu. Rásparta.

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Hoje acordei cedo. O pikeno, depois de ter tomado um café à 01:00h e outro às 05:30h (ainda me torno acionista da Nespresso...) saiu de casa pouco passava das oito. À pergunta do pai - vais sair? respondeu que ia para casa da namorada. Claro que tinha aulas do curso da parte da manhã, mas nem vale a pena fazer perguntas que a resposta é

a) não tive

ou

b) fiz pelo telemóvel.

Ok, ele tem a coisa sob controlo. Assim creio, e espero.

 

Mas isto de fazer direta atrás de direta interfere como humor de nós todos. Até dos gatos, que sabem que quando apagamos a luz é para dormir - e reúne-se a brigada no quarto, dois em cima da cama e uma na cadeira do toucador. Só se levantam por volta da hora a que o marido se levantava para ir trabalhar, e lhes dava ração. Agora ele levanta-se, dá, e volta a deitar-se.

Ora isto são as nossas noites quando fica escuro, silencioso e não há estímulos exteriores... mas o rapaz abre porta do quarto, fecha, sai, entra, casa de banho, cozinha, conversa no pc, os bichinhos ficam perdidos. Saem da minha cama, regressam... um desnorteio. E nós acordamos com jet lag, que de tanto in&out o cérebro não descansa como devia...

 

 

Bom, mas isto tudo para dizer que (mau grado um maior intake de café, também da minha parte - a ideia das ações começa mesmo a parecer-me bem) hoje me levantei e estou a sacudir a poeira.

 

E, depois de quase uma semana a escrever e apagar (nunca escrevi e deitei tanta coisa fora, eish!!!), encontrei uma imagem que me inspirou e hoje ainda vou escrever sobre o raio do verde o texto para amanhã.

 

E é isto. Se me lembrar de mais alguma coisa para contar, volto mais logo.

 

Prontx.

08 Fev, 2021

Atrofiei

- o que é expetável e natural.

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Há três dias que estou em casa. Não é nenhum recorde, mas calhou que neste momento quase nem sei respirar corretamente. Este fim de semana não escrevi, já escorregava para este espaço parvo que ocupo agora. 

 

Não é a primeira vez que me sinto assim. Até há dois anos atrás, quando ainda fazia psicoterapia, quando isto acontecia, o meu terapeuta dizia-me "saia. Meta-se no carro e vá até à praia, caminhe na areia. Tem tão boas praias perto!"

Na altura encolhia os ombros e raras vezes fiz o que ele dizia. Ao "mas saia, não fique em casa" aquiesci algumas vezes, saía e ia até à esplanada, levava um livro, tomava café e ficava a ler e a ver o rio.

 

E agora?

 

Agora se me falta o ar vou ao supermercado(!!). Ou não. Mas daqui a nada tenho mesmo de sair, senão salta-me o resto dos berlindes...

 

Fala-se tanto dos problemas mentais causados pelo confinamento e ninguém fala do agravamento de problemas pré existentes... não sinto que esse seja o meu caso, estes atrofios batem, a gente cai, deixa-se estar um bocadinho no chão, depois levanta-se, sacode a poeira e sigaaa!

 

[porque deixar-se ficar um pouco no chão faz parte, e ajuda; quando nos levantamos temos mais forças para (re) continuar]

 

 

07 Fev, 2021

Here's... Ippo!

"...soubessem o que eu gosto deste menino!"

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É o meu príncipe prateado, nickname dado pela minha filha. E quem lhe deu o nome Ippo foi o irmão.

 

Houve, durante uns anos, uma colónia de gatos nas traseiras de minha casa. Moro num primeiro andar e estando o rés do chão por baixo vago e havendo bastantes plantas, os gatinhos sentiam-se seguros. Para além disso, por baixo da janela da minha cozinha (e da do quarto do meu filho), existe um avançado - coisa fantástica para estender lençóis e demais peças grandes, nem vos conto... - desde a construção do prédio, penso. Ali os alimentava e dava mimos verbais, e foram ficando até serem nove mais os amigos que vinham de vez em quando. 

 

Ora a progenitora dos oito - duas ninhadas - teve a última ninhada, há quase três anos. Quatro gatinhos, dois tigrados, um preto e um branco. Todo branco.

- e eu que nem gostava assim muito de gatos brancos.

Passado um mês de a mãe os trazer e colocar no pátio, começaram a subir, a medo, para comer quando servia patê à colónia. Mas o branco ficava lá em baixo. Eu tentava fazer pontaria e de vez em quando conseguia atirar uns pedacinhos para lá, e ele comia com vontade, quando os conseguia encontrar. Portanto, tinha fome. Com o meu ocasional mau feitio, vaticinei que o que tinha era preguiça... e uma manhã cheguei à janela e estavam os quatro cá em cima. Finalmente, pensei, a fome falou mais alto! Olhei bem para ele, e foi claro: o bichinho era cego. O coração afundou-se-me no peito (não estou a exagerar, fiquei mesmo impressionada...). E quando mais tarde o vi a subir pela árvore que todos usavam para chegar cá acima, e os irmãos a empurrá-lo, a decisão estava tomada: se não viesse cá para casa, não sobrevivia. Liguei para o marido, num alvoroço, e antes de lhe dizer que o queria trazer, ele disse vê se o consegues apanhar... (e depois há quem se admire por estarmos casados há 27 anos...). Pedi ajuda, e a filha da minha vizinha, mais uma amiga, foram ao quintal para o apanhar. Assustaram-se com o bufar assustado do bichinho e acabou por ser a mãe que o foi buscar - acho que tem uma cicatriz até hoje, veio mas deu luta...

 Quando mo entregaram estava em estado de choque, não se mexeu durante meia hora...

 

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Levei-o à veterinária que confirmou que sofria de glaucoma, uma vista não via nada (o olhinho direito, enorme), e a outra via apenas sombras e contornos. E não houve melhoras. 

 

Hoje passaram já quase três anos. O Ippo está enorme e, embora tenha perdido completamente a vista, já só divisando sombras, é um gatinho muito, muito feliz. É vê-lo, de vez em quando, a trotar na ponta das patinhas casa fora, cauda esticada. Adora estar no parapeito da janela do quarto do Tomás e recebe a visita de dois gatinhos - uma menina igual a ele, olhinhos azuis, filha da mesma mãe, de uma ninhada anterior e, disse-me meu filho há pouco tempo, um menino também igual a ele, obviamente de olhos azuis como seriam os do Piu*. Faz parcour no corredor - vem a correr, salta, coloca as quatro patinhas na parede impulsiona-se e volta ao chão, e continua a correr. E é a minha vez de fazer de cheerleader e cantar a cantilena do costume - o que faz toda a gente rir e que o deixa tão contente, que se vê! No entanto isso vai acontecendo mais de vez em quando, está grande e pesado e deve ser mais dificil... agora são maisas vezes que se põe de pé junto à parede. bracinhos esticados e orelhas para trás à espera de me ouvir, e desata a correr. Anda lá perto e cansa-se menos...

 

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É o meu menino. Que ninguém me pergunte de qual gosto mais, que isto é como perguntarem de qual filho gostamos mais (lamento se acham que exagero, mas tenho também dois filhos, e posso garantir que sinto estes como meus filhos de quatro patas); gosto de todos. Mas como com os filhos, gostamos de maneira diferente, e este menino e eu cimentámos a nossa relação logo nos primeiros dias em que cá esteve - tinha um mês e meio, e eu não dormi durante as primeiras duas semanas. Se todos eles amuarem e não me ligarem durante umas horas, o que meu dói mais é o Ippo.

O coração tem razões... 

 

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Como costumo dizer, de vez em quando,

...soubessem o que eu gosto deste menino!

 

*comecei a chamar-lhe Pipiu porque ele não miava... piava. Fazia um piu muito agudo - começou por, sendo o mesmo principio das baleias e dos morcegos (tipo sonar), servir para antever obstáculos. Depois passou a ser um "está aí alguém?" que se mantém até hoje, mas agora já é miau. E obtém sempre resposta. 

 

- até sempre, Capitão Von Trapp <3

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(via)

O primeiro filme que vi no cinema foi A musica no coração/The sound of music, no cinema Tivoli (sim, na Av. da Liberdade - já foi cinema, sabiam?). Acompanhei a mãe e fomos lá mais de uma vez ... ver o mesmo filme. Que é, até hoje, um dos meus favoritos, tanto o filme como a banda sonora.

 

Como milhões de pessoas, foi assim que fiquei a conhecer Christopher Plummer, como capitão Von Trapp, pai solteiro de sete filhos que contrata Julie Andrews para educar as crianças. Durante anos não o voltei a ver no grande écran, embora saiba que ele continuou a fazer muito cinema, além de teatro, onde teve uma carreira proficiente. 

 

No entanto o reconhecimento veio tarde. Recebeu o primeiro - e único - Óscar em 2012, pelo seu extraordinário papel em Begginers/Assim é o amor, filme de 2010, em que encarna um homem de 70 anos que, após a viuvez, decide assumir a sua homossexualidade e viver o resto da vida em pleno. 

 

Quando recebeu o prémio brincou, dizendo à estatueta que foram precisos 82 anos para finalmente se verem cara a cara.

 

A verdade é que nos anos seguintes participou em filmes em que o seu papel teve relevância - e o seu nome engordou e escureceu nos cartazes. Entre outros fez Millenium 1: Os homens que odeiam as mulheres, Boundaries, O homem que inventou o Natal e mais recentemente, participou em Knives Out: todos são suspeitos. Para além destes, que são os que me ocorrem por tê-los visto, fez também Todo o dinheiro do Mundo, filme que fez correr muita tinta por ter sido filmado com Kevin Spacey no papel de John Paul Getty. O rebentar do escândalo #me too levou Riddley Scott a re filmar todas as cenas em que este entrava, substituindo-o por Christopher Plummer, no que foi uma verdadeira maratona que correu uns quantos países europeus, para além do país de origem, em menos de um mês. O papel de vilão assentou que nem uma luva a Plummer, e rendeu-lhe uma nomeação para os Óscares, como melhor ator secundário. 

 

Mas biografias à parte, filmes e personagens tão boas com desempenhos à altura, despedimo-nos hoje de Plummer, que faleceu aos  91 anos em casa, na companhia da mulher. 

 

Acredito que terá tido  uma vida feliz e plena.

 

Vou recordá-lo sempre, mas mais como no vídeo com que vos deixo. 

 

 

Até à vista, Capitão!

 

- semanário deste confinamento #3

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Passou mais uma semana, e desta vez a foto acima não é minha; esta semana fotografei pouco mais de que as "crianças" cá de casa, e não vou encher o blogue de fotos de gatos...

- amanhã ou domingo, vou publicar um post com a apresentação do Ippo, pelo que então terão mais fotos da minha riqueza do meio.

 

Nestes últimos sete dias aconteceram muitas coisas positivas!  

 

Boas noticias: a sogra teve liberdade de soltura alta, e o cunhado já saiu da área covid, está em recuperação da pneumonia, prevemos que no inicio da semana já esteja em casa. Ontem à noite já o vi pelo WhatsApp, na enfermaria em que está agora já tem net. Está com um excelente ar! 

 

Aqui por estas bandas, fiz 16 anos de Sapo (de-zas-seis, até parece mentira...), e o Desafio dos lápis de cor está a ser um sucesso, que se mede pela interação entre os intervenientes no mesmo. Tem sido tão agradável e divertido!  E temos desafios novos no pedaço: para além dos desafios da Ana de Deus, temos o mais recente, lançado pela Cristina Aveiro,  que consiste num texto a publicar no dia 28 de fevereiro - brevemente haverá mais noticias.

 

Continuo sem ler praticamente nada - dois contos do livro aí ao lado, Manual para mulheres de limpeza, da Lucia Berlin, não contam. Tenho, isso sim, visto um tipo de programa em especial.

 

-  Fãs dos Property Brothers, cheguem-se à frente!

 

Fico sempre bem disposta, e aprendo qualquer coisa, com os programas do Drew e do Jonathan. Ok, não tenciono dedicar-me à construção/decoração de casas, mas o saber não ocupa espaço! Gravo os episódios que dão na Sic Mulher e os que dão no Casa e Cozinha (raio de nome para um canal...) e vou vendo.

 

Sugestão Netflix para esta semana: As Inseparáveis. Li o livro em que a série se baseia, da autoria de Kristin Hanna, há uns meses e foi dos melhores que li no ano passado. Posso já prever que a serie vai ter mais de uma temporada, fui espreitar o último episódio, e posso adiantar que não acaba com o final do livro...

Para ver esta semana. Vamos ver se não fico desapontada...

 

Está na hora do brainstorming desta semana

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Ora bem, a cor que vai inspirar os textos da próxima quarta-feira, dia dez, é

 

VERDE ESCURO

 

e para dar o mote, cá vai: o que me vem à cabeça quando penso em verde escuro é...

 

  • ... safira;
  • ... sporting;
  • ... vidro de garrafa de vinho;
  • ... pinhal, bosque, floresta;
  • ... o meu pai, a carrinha do meu pai; 
  • ... veludo;
  • ... montanha;
  • ... o local onde passava ferias;
  • ... a janela do quarto nas férias...

 

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E vocês? 

 

Para que me contem o que vai no mais fundo da vossa alma - ou não - chamo  ao gabinete de apoio ao cliente Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue,  José da Xã e o João-Afonso Machado.

 

Já sabem como é: nos comentários botem faladura sobre as coisas que vos vêm à cabeça quando pensam em verde escuro.

 

 

Para quem chegou há pouco tempo, esta espécie de brainstorming tem a intenção de ajudar a desbloquear a criatividade e fazer fluir a inspiração.

E, não menos importante, serve para comunicarmos uns com os outros - claro!

Sintam-se à vontade de se comentar uns aos outros, não estejam à espera que eu abra as hostes: aqui a regra é (quase) não haver regras.

 

Desafio caixa de lápis de cor, semana #3 preto

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O fumo negro erguia-se em espirais, naquela noite sem vento, seguindo para além do que os seus olhos abarcavam, numa dança infinita de sombras.

 

Deixou-se ficar sentado debaixo da única árvore, a uma distancia mais que segura desde que as labaredas começaram a devorar o casebre, até o fumo se extinguir. Levantou-se sem pressa, e tomou o caminho de casa devagar, pontapeando as pedras que encontrava no caminho, distraidamente, perdido nos seus pensamentos.

 

Houvera sido o seu domínio, ali fora "rei do seu castelo". Descobrira a casinha abandonada um dia, quando regressava da escola e dera um passeio pelos campos contíguos à casa da família. Espreitara pelas vidraças, e pouco divisara, tamanha era a sujidade que os embaciava. Movido pela curiosidade, aproximara-se da porta e esta cedera sem resistência. Lá dentro, em meio a pó e teias de areia, deparara-se com uma velha cama de ferro sobre a qual se encontrava uma enxerga carcomida pelo tempo. Uma mesa de madeira tosca e três cepos de madeira usados como bancos faziam adivinhar que um dia alguém usara aquela casa para viver. Chegado a casa, excitado coma descoberta, metralhou os pais com perguntas sobre a mesma. O pai explicou que fora, em tempos, um alojamento para quem fazia trabalhos sazonais na terra, e que houveram mais como aquela casa, mas que tinham sido destruídas pelo passar do tempo. Só aquela, vá-se lá saber porquê, teimara em manter-se de pé. O pequeno pediu, implorou que o deixassem usar o espaço como seu, um "forte" onde faria os trabalhos de casa, onde guardaria os tesouros que encontrava pelos campos e pinhais, e forçando a sorte, um local onde passar as noites mais quentes de verão... após uma inspeção aos alicerces, não fora alguma derrocada se fazer antever, a mãe limpou tudo como bem sabia fazer, e o pai colocou um colchão novo sobre a armação de metal da cama pintada agora de um branco brilhante. Lençóis, uma colcha de retalhos, almofada, pratos copos e talheres, e a casinha era sua. Decidiu fazer sozinho prateleiras que o pai  ajudou a colocar nas paredes, e estava pronto o seu retiro, o seu orgulho de rapaz crescido. 

 

Sempre que voltava da escola, ia a casa onde a mãe preparara um farnel que levava para ali, onde se deitava na cama a ler, ou na mesa a fazer os trabalhos que a professora lhe mandara. Era essa a sua rotina. Nunca acontecera fazê-lo por outra ordem: era escola, casa e depois, o seu cantinho. E era tão feliz assim.

 

Não tinha passado muito tempo, embora não soubesse precisar quanto. Um dia a professora sentira umas dores esquisitas (segundo a diretora) e tivera de ir ao médico, pelo que todos foram mandados para casa. Como era tão cedo, decidiu passar primeiro pela sua casinha e deixar ali a mochila, para depois, perto da hora a que era habitual, ir a casa buscar o lanche. Aproximou-se e os vidros agora transparentes mostraram o que acabou gravado a ferro e fogo na sua memória. Corpos nus, pernas e braços num emaranhado sobre aquela cama onde se deitava para ler os livros de aventuras que trazia da escola e tanto gostava. Lençóis revolvidos, manta de retalhos no chão, o rosto do pai e outro que nunca vira, ou que talvez conhecesse mas que não conseguia registar no seu cérebro assoberbado com tamanha sobrecarga de informação. Regressou a casa lentamente, cabisbaixo e, quando a mãe lhe perguntou o que acontecera, não a conseguiu olhar nos olhos quando balbuciou "nada".

 

Durante uns dias não foi ao que fora seu espaço, já que não o sentia como tal. Vagueou pelos pinhais em redor, sentou-se nas pedras de xisto, atirou seixos ao ribeiro, quase seco, com força, comeu sentado na caruma que caia das árvores sob as quais ficava, deambulou sem dizer onde estivera. 

 

Um dia, no regresso a casa, encontrou a mãe à janela, olhar vazio fixo no horizonte, o rosto molhado. À pergunta sobre o que tinha, a mãe afagara-lhe o rosto e dissera-lhe baixinho agora és o homem da casa, num sorriso triste. Correu porta fora e confirmou que a carrinha não se encontrava sobre o telheiro. 

 

Nos dias seguintes não foi à escola, e a mãe pareceu nem notar. A raiva agigantava-se-lhe no peito, a mente pregava-lhe partidas, se tivesses confrontado o teu pai, se não tivesses falado na casa, se, se... numa voragem de pensamentos sem resposta que o consumia.

 

Foi então que naquela noite pegara na lata de gasóleo do trator e no isqueiro de prata que o pai esquecera e se dirigira ao casebre que marcara como raiz da sua infelicidade. Ali, ensopou o colchão como combustível, espalhando o resto pelo chão, paredes, pelas cortinas que a mãe tinha costurado. Junto à porta abriu o isqueiro, fez rodar a pedra, e surgir a chama. Atirou-o com raiva para cima da cama, e saiu. Caminhou até à árvore solitária e sentou-se.

 

Projetou com força uma pedra que embateu num cepo escuro, restos de uma árvore morta. Encontrava-se já junto a casa, atravessou o pátio e entrou. Não se preocupou em acender a luz. Repetiu o caminho que os seus passos decoraram, da porta à janela de onde a mãe não saía desde aquele dia, onde era possível divisar a sua silhueta. Aproximou-se, beijou-lhe a testa e afagou-lhe o rosto em seguida. Olhou as mãos prostradas no seu colo, enquanto se sentava no chão à sua frente, e encostou o seu rosto nestas. A mãe moveu-se um pouco como que a despertar, colocou uma mão sobre a sua cabeça e brincou com os caracóis do cabelo. Ele não se moveu, receando quebrar a magia do momento. E quando ouviu a voz da mãe, que não soava há já tantos dias, dizer a noite caiu, temos de pensar em ir deitar, amanhã temos coisas para fazer, grossas lágrimas saltaram dos seus olhos e rolaram pelas suas faces, no reconhecimento de uma esperança que julgava perdida. E quando se dirigiu, mãe pelo braço, em direção aos quartos, reconheceu que conquanto fosse agora o homem da casa, nunca deixaria de ser o menino de sua mãe.

 

- Também deste desafio:

Conforto

Acalanto da memória

 

Neste desafio participo eu, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue,  José da Xã e o João-Afonso Machado.

Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio. Acompanha-nos nos blogues de cada uma, ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor". Ou então, junta-te a nós ;)

 

- brainstorming para a próxima cor

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No sábado sugeri que fizéssemos uma espécie de brainstorming para estimular a criatividade e gerar inspiração para o texto do desafio desta quarta feira, cuja cor é preto.  

 

Acontece que algumas pessoas já tinham escrito e agendado a publicação dos posts - embora tenham participado, kudos por isso! - o que me fez pensar que talvez fosse boa ideia fazê-lo mais cedo.

 

Então, peço que me respondam a três perguntas:

 

  1. O exercício ajudou, ou acham que poderá ajudar, a inspirarem-se?
  2. Acham que deve continuar?
  3. Qual o melhor dia para o fazer? Quinta, sexta ou sábado?

 

Agradeço desde já a vossa participação (convencida de um raio, ó para ela com a certeza que vai ter adesão...), dêem-me as vossas respostas nos comentários, por favor!

 

Por isso, lá volto eu a chamar toda a gente: Concha, A 3ª FaceMaria AraújoPeixe FritoImsilva, Luísa De SousaMaria, Ana D., CéliaCharneca Em FlorGorduchita, Miss LollipopAna Mestre, Ana de DeusCristina Aveirobii yue e José da Xã

 

Digam de vossa justiça, por favor 

 

Agardecida