Estendeu-se no chão e deixou-se ficar imóvel, deitada de costas e com os olhos fechados.
Depois da porta da rua finalmente fechada, depois da violência verbal e terror emocional finalmente afastados, sem ter sequer tempo para digerir a perda, que o foi, que o é, e que será sempre, chega o inimaginável: um clip de voz da outra filha com raiva mal disfarçada e argumentos impossíveis de rebater ou argumentar porque o final da mensagem foi e agora vou bloquear-vos a ambos, porque não quero voltar a falar convosco.
Aquela mensagem ressoava nos seus ouvidos em loop numa confusão cada vez maior, num sem número de questões levantadas e não respondidas, enigma que não havia como resolver. E a dor insinuou-se e substituiu a estupefação, e ela começou a sentir que o seu útero secava, se amachucava com o som que fazem as folhas secas caídas das árvores no Outono.
Entendeu que tinha deixado de ser. Quando eles decidiram que não queriam continuar a ser, ou agir, como seus filhos, ela esfumou-se no ar, inexistiu. Num mícron de tempo recuou trinta anos e tudo o que tinha sido durante esse tempo, aquilo a que se tinha dedicado, tinha apenas sido ser mãe. Em exclusivo (e atentem na ironia, achava que tinha desempenhado magnificamente esse papel, por ter dado sempre tudo o que podia de si). E agora já não era e criara-se um imenso vazio de trinta anos que a transforma na sombra de um ponto de interrogação gigante.
E o pranto desatou-se, e urrou de dor a abandono, enrolada em posição fetal, ainda no chão, e soluçou, soçobrou à dor da perda até os olhos não terem mais nada para deitar e a garganta se fechar.
De rescaldo, nos braços do marido que a envolvera na proteção e partilha daquela dor incomensurável, perguntou:
- Como é que se faz o luto de duas pessoas vivas? Como?
E deixou-se ficar inerte, sem forças, nem desejo de as (voltar a) ter.
Faço 54 anos no primeiro sábado de outubro, dia 2, e resolvi fazer um pequeno passatempo em torno de "tão importante data".
Primeiro, vou mostrar-vos o prémio - que não, não é patrocinado.
Como podemos participar, perguntam vocês? Simples, só tem de responder a quatro perguntas. De entre quem acertar três delas, o randomizer escolherá o vencedor.
Em que ano nasci (é só fazer as contas...)?
Quantos gatos tenho e como se chamam (muahahahah)?
Qual é o meu primeiro nome (já o disse mais de que uma vez... quem esteve atento??)
Finalmente, digam lá, o que é que eu mais gosto de fazer (aqui aceito múltiplas respostas, desde que goste muito, estará correto)
(ah, e por último, os membros do #GrupoDosLápisDeCor ficam também incumbidos de deixar as vossas datas de nascimento - não é preciso o ano. É que eu gosto tanto de dar os parabéns a quem faz anos que nem imaginam)
E então fico à espera das vossas respostas. Quem arriscar uma resposta desde agora até domingo às 23:59h, tem direito a um pequeno mimo extra, caso seja vencedor. Mas atenção: podem participaratéaodiadomeuaniversário, inclusive
Vamos abrir uma rubrica nova, que há-de aparecer quando calhar, e cujo nome está no subtítulo deste texto, boa? Até o repito e tudo, É pó corpo e páalma (este é o #2 porque o das pestanas fabulásticas foi o primeiro).
Vocês sabem - assim meio de fugida, sabem mas sem saber muito bem - que não tenho estado no meu melhor - embora estes últimos dias tenham sido mais melhores, como dizem os miúdos pequenitos. Como tal, uma das formas que encontrei de mimar a alma, é concentrar-me de vez em quando no corpo.
Só podia começar por aqui: sabem lá vocês o estado em que os meus pés estão! Ando há que tempos a dizer que tenho de marcar uma pedicure, mas depois penso que há sítios tão melhores onde gastar os parcos euritos que guardo para os mimos, que tenho deixado passar o tempo. E sabem o que é barrar os pés com vaselina e no dia seguinte os pés estarem ainda mais secos porque nem conseguiram absorver nada? Não sabem? Então imaginem...
Eu explico: não sou ET, nem tenho cascos como os animais mas... ando sempre descalça. Sempre. só me calço quando vou à rua (duh!), e desconfio que é porque se me apanham a conduzir descalça me multam . Mas resumindo, estou com uns pés impróprios para consumo no que à estética diz respeito.
Para ajudar à festa, há um pequeno problema: eu a-d-o-r-o ter os pés arranjados. Mais de que os pés, só as mãos. E então, com a mania das poupanças, a tentar olhar mais longe comprei estas coisas:
Mais não são que umas "meias/botinhas", ou o que lhe quiserem chamar, em silicone.
Ora aqui a espertalhona acabou de tomar o duche há coisa de uma hora, passou pedra pomes (só ali, devo ter perdido um quilo e pouco) fui ao quarto, barrei os pés com um creme para calcanhares gretados - para grandes males, grandes remédios! - abri a saqueta onde vinham as sapatetas, e calcei as ditas, para a pele absorver melhor o creme. E depois - ó mulher, tu pensas???? - fui à cozinha, colocar as toalhas do banho na máquina.
E foi então, malta, que descobri o verdadeiro sentido da expressãopatinar na maionaise!
- mas dentro das botinhas, ó lá o que aquilo é... e depois voltei para a sala nos mesmos preparos, agarrada às paredes, e aquelas coisas ora fugiam para a direita ora para a esquerda, e eu aiaiaiaiai... só não me esbardalhei porque não calhou...
Fiquei, então, aqui sentadinha de pés na otomana, depois de berrar ao google para me avisar passados sessenta minutos.
E eis que ele acabou de apitar e eu descalcei as ditas. Claro que tenho os pés todos transpirados, e ainda não vos posso garantir que resulte - mas neste momento estão mais suaves ao toque.
Por isso se quiserem experimentar, aqui vão as instruções:
Preparem os pés com lima ou pedra pomes depois do duche, do banho, ou de os porem de molho dentro de um recipiente com água quente durante uns minutos - eu já experimentei de tudo, e a pedra pomes é o que resulta comigo (isto quando sou linda e a uso...)
Ao deitar, repito AO DEITAR, barrar as extremidades inferiores e calçar as maledettas.
Retirar na manhã seguinte, ou antes, se vos incomodarem - mas aguentem pelo menos uma horinha, sim?
Façam isto uma vez por semana, ou a cada duas... ou pronto, uma vez por mês.
Agora, querem saber onde se compram? Só vos posso dar dois links: onde as comprei e onde tenho comprado coisas que não sei onde comprar.
Comprei na Shein, custaram-me €3,75. Mas podem comparar também na Amazon - as que podem ver se clicarem no link são só um exemplo, e o preço oscila entre os €10,29 e os €10,59. Mas há outras. E de certeza que também os podem comprar noutros sitios, eu só menciono o que conheço...
E mais: para quem luta com calcanhares gretados, há estas coisas fantásticas:
(é só clicar nas fotos - e podem confirmar que se as "traduções" dos chineses são más, as "adaptações" dos espanhóis também não são lá grande coisa...) "
O restante embelezamento dos pezitos vai ficar para amanhã, que hoje já não são horas para isso, preciso da luz do dia para ver bem as cutículas e coiso. Depois mostro como ficaram os ditos...
... desta vez nem mando rufar os tambores, avanço logo com a imagem...
Era suposto eu ter levado a lista de obras a votação, não era? Acho que sim. E levei? Garanto que não.
Portanto, esta semana tive de recorrer outra vez à lista do randomizer da semana passada... sendo assim, a obra desta semana é da autoria de Edvard Munch, O grito
Então já sabem: é deixar um comentário a dizer a primeira coisa que vos ocorre quando olham para a imagem.
A minha é dor.
E pronto, a bola está do vosso lado
Partida...
...largada...
fugida!
A data de publicação do texto inspirado na obra é, já sabem, 29 de setembro.
Deitado de costas na relva observo o céu estrelado, quase hipnotizado pela dança que as nuvens interpretam por entre as estrelas mais brilhantes que me lembro de alguma vez ter visto. É uma noite tão mágica que até a lua parece ter luz própria, penso, e vou sentindo os olhos a ficar pesados, ao mesmo tempo a relva se começa a assemelhar ao melhor colchão em que estive deitado.
Completamente relaxado, não chego a adormecer. Pelo contrário, apesar dos olhos fechados, estou atento a cada som, a cada odor, a cada movimento à minha volta. Chego a sentir a luz dos pirilampos, se tal é possível!
Depois um som que nunca tinha escutado faz-me entreabrir os olhos. De inicio não vejo nada de diferente, até que consigo divisar um par de olhos brilhantes, minúsculos, meio escondidos atrás de um arbusto. Ouço a minha voz sussurrar que está tudo bem, que é seguro e pode deixar a proteção onde se esconde. Devagar, tentando entender se pode realmente confiar, acaba por se mostrar. É tão pequenina que, pondo as minhas mãos em concha, cabe confortavelmente ali. Observo-a maravilhado, atentando na perfeição de cada membro, e quase me perco naqueles pequenos olhos da cor do céu num dia de Verão sem nuvens.
De repente ergue-se e rodeia-me em reviravoltas graciosas enquanto ri, cada gargalhada soando como o tilintar de um minúsculo sino feito o cristal mais fino. Encantado, consigo ouvir a sua voz nos meus pensamentos, dizendo-me que sempre que acontecer uma noite como aquela, poderei encontrá-la ali, porque em noites assim a magia solta-se e tudo pode acontecer.
Lembro tudo isto como se fosse ontem, e no entanto já se passaram quase trinta anos. E pela primeira vez desde então, sinto que a noite se repete. Volto a deitar-me no mesmo local, olho aquele céu mágico, mas não consigo evitar sentir-me um pouco pateta, já que até hoje duvido que aquilo que recordo não tenha sido mais que um sonho... no entanto fecho os olhos e vem-me à memória aquela velha crença de que morre uma fada, por cada vez que alguém diz que não acredita nelas. E começo a repetir para os meus botões "eu acredito em fadas, eu acredito em fadas... "
E é então que, muito levemente, escuto um tilintar muito suave, tal qual se um sino feito do cristal mais fino. Sorrio, e sei: acredito.
Quem me conhece pessoalmente sabe que eu tenho uma boca muuuuito pequenina (ide espreitar ao Instagram e confirmar, se duvidam...), sendo que já não uso batom há um ror de anos.
Felizmente, diz que tenho uns olhos grandões... nomeadamente quando me maquilho - o que não acontece muitas vezes, porque sou a preguiça em figura de gente, no que à beleza diz respeito. Mas, dizia eu, quando faço uso dos pós e pincéis a coisa fica mais bonita: a atenção é toda centrada para os olhos, e ó que linda qu'a moçoila é...
Mas mesmo os olhos têm um probleminha... tenho aquilo que eu chamo ternamente de pestanas de vassoura: ela existem, estão lá, mas não reviram. Já fiz permanente de pestanas - a técnica até transpirava, coitada! - e elas ficaram lindonas, aí durante uma semana, e tunga vai de descair para a sua postura habitual e é que não há máscara de pestanas que as revire!
Então, há alguns dias, uma amiga mostrou-me fotos da filha com um "pestanão" de fazer inveja. Pelo menos aqui à pessoa que vos escreve. A João ainda gozou comigo, porque segundo ela, aquele efeito é facílimo de conseguir, basta usar pestanas magnéticas!
Ora eu que quando tento - e oh, minhas amigas, já tentei mesmo muitas vezes - usar um revirador de pestanas, este ou nem chega a tocar nas ditas, ou vou com tanta sede ao pote que entalo a pálpebra, achei que no can do buccaroo, e levantei todas as dúvidas que havia para levantar. Mas ela conseguiu (!) passar-me o bichinho de experimentar. Diz que se aplica um eyeliner magnético e por cima deste, um cílio e prontx!
Atenção que eu não ando na lua. Já tinha ouvido falar nisso, visto nas minhas redes sociais, mas via sempre aplicar dois, um por cima e outro por baixo, que agarravam um no outro e essa operação delicada não parecia ser para mim, fóbica dos reviradores e tuditudo...
Mas olhem desta maneira, fiquei convencida e acho que sim, vou experimentar! Vem aí o meu aniversário, logo seguido do aniversário do casório, e vocês hão-de ver fotos de mim toda bela e pestanuda, com cílios daqui até à lua .
Se tiverem curiosidade, fica aqui o link para o site onde a filha da minha querida João comprou os cílios dela.
E aguardem pois, os próximos capítulos, em surgirei como diva das mega-pestanonas!
Gente, tenho uma novidade: acabou-se a democracia.
(mas é uma única vez que eu não gosto de totalitarismos...)
Isto, porque:
Foram-me enviados, à razão de um por pessoa (que houve quem enviasse mais que um - eu incluída - mas acabou por não valer) 14 quadros, já incluindo o da primeira semana - o do texto de ontem. Ora, tínhamos pensado em fazer o mesmo número de semanas dos lápis de cor, 12+1, e aqui só temos um único a mais... vamos fazer um esforço e esticar o desafio mais uma semana, sim? Sim?
Eu decido por vocês:
E como houve alguém que levantou a questão de que gostaria que o quadro fosse surpresa, decidi fazer um sorteio com as treze obras que faltam. Coloquei os nomes dos autores - queriam que eu colocasse o nome das obras, não? - no randomizer e saiu isto:
Portanto o quadro em que nos vamos inspirar para a próxima quarta feira, é:
Stary night de Vincent Van Gogh.
Agora já sabem: é só deixar num comentário a primeira coisa que vos ocorre quando olham para a imagem.