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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

28 Out, 2021

E aqui está ele!

O oitavo quadro - falta o primeiro na lista do randomizer, porque fui eu que o escolhi.

 

Bem vindos, todos, a mais um desvendar da obra, que servirá para atrair as musas para o texto da próxima semana. E é ela...

Almada Negreiros -  art deco fashion iustration.jp

Ilustração de moda, Almada Negreiros

 

Conforme o sacrossanto randomizer decidiu:

negreiros.png

E assim sem mais vem-me à cabeça:

 

  • Paul Poiret (incontornável),
  • anos 10/20,
  • libertação feminina (a ausência do espartilho),
  • gala (o cavalheiro usa fraque).

 

E a vós, o que vos ocorre?

 

 

 

27 Out, 2021

Demais

desafio arte e inspiração - semana #7,

 

pexels-photo-4199730a.jpeg

 

Amor. Ela pensava sempre que era amor, aquele amor que ela transbordava, o tanto que tinha para dar, tanto.

 

Estivera a ser observada toda a noite, no grupo de amigas que comemorava uma promoção. Ele não desviara os olhos dela, e num arroubo de romantismo de pacotilha, enviara-lhe uma taça de espumante, atento que estava ao palavreado que corria entre todas as mulheres jovens naquela mesa. Ela aceitou, agradeceu com um trejeito de cabeça, e simulou um brinde, que ele prontamente mimou.

 

Começara assim. Seguiu-se a aproximação física, os gracejos, a gargalhada inevitável com a cabeça para trás, as pontas do seu cabelo a tocarem a mão que ele tinha pousado nas suas costas. Encontraram temas, paixões em comum. E num ápice estavam na sua casa, uma última bebida, é desta, é desta, ele gosta mesmo de mim, hoje nem estou vestida de forma provocante, a Maria é tão bonita, a Francisca com um (desp)vestido que deixava zero à imaginação, o que queres beber? Whisky, gin, vodka? e a esfuziante Carol, que fazia moribundos virar a cabeça quando passava... mas não, tinha sido sobre si que ele concentrara toda a atenção, e estava ali, ou talvez algo mais suave, um Baylies, um Drambuie?,  no que só podia ser um sinal, ia amá-la e ela ia amá-lo mais de que ele sequer imaginaria, quiçá um licor de café?

 

Sentaram-se no sofá, de bebida na mão, ele pousou a sua na mesa, é desta, vai envolver-me num abraço e dizer que sou especial, e ele invadiu os lábios e boca dela num beijo que não deixou espaço para um abraço, quanto mais para um envolvimento... ela deixou-se ir, ela deixava-se sempre ir, se correspondesse em entusiasmo e paixão, ele ia gostar dela, não ia? Preliminares, ela sabia bem que isso era mito, eles gostavam de ser satisfeitos já, e porque iria ele perder tempo consigo, quando ela queria dar-se, dar-se toda, e que ele aceitasse ser adulado, desejado. 

 

Quando finalmente o cansaço os venceu, veio o abraço, ela deitou a cabeça no seu ombro e enrolou o braço no seu peito, era abraço, não era?, fosse dela ou dele, era abraço! Dentro de horas ele vai acordar, encontrar-me na cozinha a fazer o pequeno almoço, vai rodear a minha cintura, dar-me um beijo no pescoço, e faremos amor ali, desta vez com doçura e calma. Ele dirá que sou especial e que há muito tempo procurava alguém como eu, e depois de um duche rápido vamos sentar-nos, comer as panquecas, beber o sumo de laranja acabado de espremer e o café quentinho. E claro que vai dizer que como é fim de semana vai querer estar comigo, e segunda feira de manhã antes de voltar ao trabalho vai dizer-me que já tem saudades minhas... tenho de ir, princesa. Obrigada por uma noite espetacular, és uma bomba na cama, sabias? E deu-lhe um beijo, um beijo rápido, apanhou as roupas, tomou um duche, será que se me levantar e oferecer uma chávena de café ele vai ficar mais um pouco, ainda que seja só o tempo de o engolir, mas pode haver uma fração de segundo em que pense que me quer, que me quer mesmo, e quando estava mesmo para sair da cama e dirigir-se à cozinha para tirar o café, ele saiu da casa de banho já prontíssmo, qual visão aos seus olhos e ela ainda balbuciou queres um café, que ele declinou, já era tarde. Olha, foste melhor de que imaginava. Depois telefono-te e combinamos qualquer coisa, ok? Ela aquiesceu com um gesto de cabeça, e o seu coração saltou uma batida, ele quer voltar a ver-me, ele gostou de mim o suficiente para me querer voltar a ver, pensou feliz, e só minutos depois de ter ouvido o som da porta fechar se apercebeu que ele não lhe tinha pedido o número.

 

Levantou-se, dirigiu-se ao duche, pôs a correr a água, e colocou-se sob o jato, enquanto sentia o amor que a enchia a cair no fundo da cabine, pelos dedos que, sentia, o pingavam como como cera derretida.

 

Eram 4:38h de um sábado de manhã, inicio de mais um fim de semana vazio, que começava com um murro no estômago e um amargo de boca. Outra vez.

 

No desafio Arte e Inspiração, participam  Ana D.Ana de DeusAna Mestrebii yue, Bruno EverdosaCélia, Charneca Em FlorCristina AveiroImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãLuísa De SousaMariaMaria AraújoMiaOlgaPeixe FritoSam ao LuarSetePartidas

 

Para referencia, esta foi a obra que serviu de inspiração ao texto desta semana

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O Beijo, Gustav Klimt

 

Amanhã é dia de vos mostrar o quadro que vai servir para chamar as musas para os textos da próxima semana. Não se esqueçam de passar, e debitar o que vos passar pela cabeça, lá nos cometários.

- eu volto a acertar, juro, mas ainda não é esta semana.

 

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Pois a ver se lá para o meio dia, no máximo uma hora, temos texto. Neste momento (estou a escrever ás 21:04h de terça feira), não há nada na minha cabeça para pôr aqui. Como de manhã sou mais criativa, vou pensar no texto quando puser a cabeça na almofada, e amanhã à hora combinada, há-de estar aqui um texto. Se é ficção ou desabafo, acreditem, não faço a mínima ideia...

 

Só vou comentar os vossos textos, depois de publicar o  meu, por isso, nessa altura é sinal que aqui estará algo legível...

 

Bêjus

 

No desafio Arte e Inspiração, participam  Ana D.Ana de DeusAna Mestrebii yue, Bruno EverdosaCélia, Charneca Em FlorCristina AveiroImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãLuísa De SousaMariaMaria AraújoMiaOlgaPeixe FritoSam ao LuarSetePartidas

 

Se isto fosse uma rede social, seria o que teve mais likes...

 

Mais uma vez cá estamos, desta feita  para apresentar o quadro que vai servir de inspiração ao texto da próxima semana.

 

É ele o D. Sebastião deste desafio, o desejado!

 

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O beijo, Gustav Klimt 

 

Portanto já sabem, lá nos comentários, coloquem a primeira coisa que vos ocorrer.

 

A mim, o que me alembra logo é despedida, ou perdão...

(direis que tenho o romantismo de uma pedra da calçada... olhem,são dias!)

 

Então, de que estais à espera?

 

 

IDE! 

20 Out, 2021

Baloiço

Desafio arte e inspiração - semana #6

 

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Era Verão. Era sempre Verão ali, o que tornava o lugar ainda mais mágico.

 

Saía do carro e o cheiro a pinho, que os tinha acompanhado durante a maior parte da viagem, falta muito, pai, falta muito, pai?, era substituído pelo cheiro a palha ao sol, aquele aroma meio a queimado, seco. Havia sempre dois braços à espera para a apertar, uma tia que chorava de emoção, um avô de olhos vermelhos que apertava a mão do pai, meio solenemente, com um sorriso que desmontava a intenção. Ela saltitava de emoção e perguntava vamos avô?, vamos avô?, sem parar. Repreendida pelos mais velhos, caramba ainda agora chegámos e já estás nisso, vamos levar as malas para cima, comer qualquer coisa e depois quando o avô puder, lá irão!, mas ela não tinha calma nem paciência, de resto como nenhuma criança de seis anos tem, e olhava para o avô com olhos de cachorrinho abandonado. Mal os pais começavam a levar a tralha que enchia o porta bagagens para dentro, o avô piscava-lhe o olho, ela enfiava a sua mãozinha na mão grande e calejada do ancião, e ambos dirigiam-se para a loja da casa. Ali, cuidadosamente escolhida estava uma tábua de madeira que o avô aplainara e encerara por forma a não haver lascas para se espetarem nas mãos pequeninas. Vá, ajuda o avô, segura aí nessa ponta e faz força para ela não escapar, e com uma grande púa, ela sabia, o nome vinha no livro de leitura da primeira classe!, o avô abria dois buracos redondinhos, um de cada lado. Depois agarrava na grossa corda, e ela insistia em levar a tábua, desajeitada, a escorregar meia dúzia de vezes durante o trajeto, eu consigo, avô, eu consigo, até à árvore que ficava junto à eira, por detrás da casa, e que tinha um braço estendido a apontar para esta, mesmo a pedir que passassem a corda por este e ali montassem o almejado baloiço. E ela observava, deslumbrada, o prender da corda, o passar pelos buracos, e a corda de novo presa, paralela à primeira. Em pulgas, ainda tinha de esperar o avô experimentar, com o seu peso, a segurança das amarras, e depois sim, depois ela podia ali sentar-se e voar.

 

Era ali que passava os dias. Ás vezes acompanhava a tia e o avô às quintas, para onde iam na carroça puxada pela mula, ela sentada ao lado do condutor, a tia atrás, pernas penduradas, os três a darem pequenos saltos de cada vez que uma das rodas passava sobre uma pedra maior, ou um buraco, e ali chegados, corria por entre as grandes espigas de milho, e fazia a tia andar num virote a cada grito que dava, menina da cidade com medo de todos os insetos, e pavor de louva-a-deus. A meio do trabalho sentavam-se à sombra, de volta da merenda, para carregar baterias e voltar ao trabalho ou à brincadeira, à correria...

 

Mas do que mais lembra é do baloiço, daquele vai vem infinito que lhe sabia a liberdade, naquela que ela, ainda hoje, adulta feita, considera a "sua" árvore, que fez a sua infância ali, tão feliz.

 

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Para referencia, esta foi a obra que serviu de inspiração ao texto desta semana

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Sobreiro, Dom Carlos de Bragança/Malhoa

 

Amanhã apresentarei aqui o quadro que servirá de inspiração aos textos da próxima semana. Não se esqueçam de passar, e deixar o que vos passar pela cabeça lá em baixo, nos cometários.

 

Desafio arte e inspiração - semana #6

 

- assim mesmo, sem anestesia:

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Sobreiro de Malhoa

 

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A ver se as musas ajudam, por que eu fiquei tão em branco com este, que a única coisa que me vem à cabeça é Alentejo. Vamos ver daqui até lá o que me vai ocorrendo...

 

E vocês, digam lá: o que é que vos vem à cabeça?

 

 

Já sabem, é lá em baixo nos comentários...

 

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O texto inspirado por este quadro deverá ser publicado no dia 20.

 

13 Out, 2021

A amiga

Desafio arte e inspiração - semana #5

 

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Foi diagnosticada muito jovem, e devido às normas impostas em casa - não falar sobre o assunto, que era uma falha que devia ser escondida - nunca fez grandes amizades. Aprendeu a apreciar a sua companhia, a fazer tudo ou quase sozinha e a sofrer em silêncio. Criara uma bolha em que se movimentava quando estava fora de casa, olhos em frente, cabeça erguida, ouvidos fechados, um pé à frente do outro.

 

A dor tomava tantas vezes proporções impensáveis, que a engoliam por inteiro. E ela perdia a capacidade de reagir, de pensar, e deixava-se ficar inerte, deitada, a chorar em silêncio, a sentir-se um grande pedaço de nada, um nada que era lixo ou menos que lixo. Os médicos tentavam ajudar, mas se tinha dias, semanas em que conseguia seguir em frente quase como as pessoas que dizia normais e que invejava - oh, como as invejava! - de vez em quando tropeçava e voltava a ter dificuldade em levantar-se.

 

O que ninguém - nem sequer os médicos - sabia, era que tinha uma amiga secreta que, tinha a certeza, estaria sempre ali quando precisasse: uma porta escondida que podia abrir, atravessar e ir-se embora quando a dor fosse tão insuportável que não conseguisse mais. Aquela porta, aquela última saída que se materializava sempre que sentia estar no fim das suas forças, dava-lhe força para continuar, independentemente do contrassenso. A morte sempre fora a sua melhor amiga, sempre presente. Velava pelos seus dias e pelas suas noites - e o que ela temia as noites, em que a mente se ligava e parecia um cavalo a galope em círculos num picadeiro imaginário, numa velocidade em que se misturavam as frases que ouvira, os sons que escutara, os pensamentos que tivera, e os que surgiam no momento e que eram tantos... adormecia sempre tarde e extenuada. 

 

Os anos passaram, uns atrás do outro, e a vida fê-la esconder a porta atrás de móveis pesados, reposteiros que acabaram por se encher de pó. 

 

E ainda hoje, quando a dor volta e aperta demasiado, ela se lembra que esta existe. Aperta a chave na mão com força... e segue em frente no dia seguinte.

 

Nota: Se está a passar por uma situação particularmente difícil, não hesite em procurar ajuda. Em caso de situação emergente, ou de solidão, ou impulso suicida,  ligue para uma linha de ajuda, e assim que possível entre em contacto com o seu médico de família, que o poderá ajudar e indicará os passos a seguir. 

A depressão não é uma vergonha, a doença mental não pode ser um estigma social.

Acredite: você não está sozinho.

 

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Para referencia, esta foi a obra que serviu de inspiração ao texto desta semana

 

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El sueño, Frida Khalo

 

Amanhã, aqui, será revelado o quarto que servirá de inspiração ao texto da próxima semana. Passe por aqui para o conhecer e deixar a primeira palavra que lhe vier à cabeça... como de costume.

Até amanhã!

 

... bahhhh!

 

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No sábado acordei com mialgias, que é uma maneira presunçosa de dizer que acordei toda moídinha. Se liguei? Não.

Domingo já tinha dores em todo o lado e lá para o final do dia parecia um zombie a andar.

Ontem acordei febril - não é que tenha febre alta, mas temperatura acima do meu normal, a deixar-me com a cabeça oca, a par com um cansaço extremo.

Hoje quando acordei estava como ontem, mas com dores de garganta e tonturas - isto é, estou com uma constipação do demo. Tive de aproveitar o ben-u-ron bater para ir num saltinho ao supermercado, que havia três ou quatro coisas que me faziam mesmo falta e que já devia ter comprado ontem.

 

Portanto vou agora, ibuprofeno tomado, tentar fazer o texto para amanhã.

 

Não esperem assim uma grande coisa ok? É pena, porque o quadro dá pano para mangas, e tenho para mim que estas vão ser beeem curtinhas...

 

Desafio Arte e Inspiração, semana #5

 

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Desta vez entrei com pezinhos de lã e não pus logo o quadro, assim de chofre. Mas aposto que, com base na foto acima todos, ou quase, sabem quem o pintou...

 

Pois então desvendemos o mistério. O quadro desta semana é...

 

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El sueño, Frida Khalo (1940)

 

Vou ser brutalmente honesta: a obra de Frida Khalo desconcerta-me. Lembro-me de ter tido uma fase em que me atraía o lado macabro que adivinhava naquelas pinturas incómodas, e isso levou-me a querer conhecer a história da artista. Daquilo que aprendi, o que me lembro, e que é uma forma muito redutora de ver a sua obra, foi a continua sublimação da omnipresente dor que a acompanhou durante praticamente toda a vida, através da sua arte.

 

Esta obra é uma das que (dentro das que foram enviadas) mais receio enfrentar. 

 

E a palavra que me ocorre é estalada. Uma estalada crua de realidade.

 

E vocês, contem coisas: o que vos ocorre? Já sabem, é lá em baixo nos comentários...

 

Partida,

Largada,

...FUGIDA!!!

 

 

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