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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

- cliquem na foto do header do novo blogue para **plim** aterrarem no mesmo

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Chegou o dia de dizer adeus a este espaço. De apagar a luz, fechar a porta de mansinho, limpar o nó na garganta e dirigir-me para a nova morada.

 

Parecem ciclos de nove anos, terceiro blogue nos meus já (!!!!!) dezoito anos de Sapo. A explicação desta génese estará no post anterior, preciso da frescura de uma pagina em branco. Não se trata de reinvenção, que é uma expressão de que não gosto: soa-me a inventar=criar algo novo, que fico na dúvida que exista mesmo. Eu sou sempre a mesma, ainda que diferente - o ser humano está em constante mudança, eu não serei exceção.

 

Por isso serve este post para agradecer estes anos de companhia e de apoio, e tudo e tudo, e dizer que a vida segue noutras paragens, já aqui ao lado:

 

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(é só clicar na foto)

 

Venham comigo! E, peço, deixem-me um "Estou aqui!" nos comentários do primeiro post da minha nova casa virtual, para sentir que está está cheia de amigos, gente que já conheço, ou a quem me vou dar a conhecer e vice versa.

 

Obrigada por tudo, meus queridos, e prossigamos pois!

 

 

- e vai sendo altura de seguir

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Juro que não me zanguei com o blogue e muito menos com quem me tem lido estes anos todos. Mas o meu afastamento deste espaço e da escrita em si tem uma raiz "torta", uma dor fininha e pequena que volta e meia me morde: foi aqui que deixei dores imensas que me massacraram como nada nesta vida até ali. E é-me difícil agora sentar-me com o pc no colo - apesar de já ser outro, que o anterior já estava tãããao velhinho e sempre ajuda a tentar renovar a coisa - e escrever sobre tudo e nada (nada que nem me ocorre), quando não consigo deixar de associar tudo com aquele ano escuro, que pensei tantas vezes não conseguir ultrapassar. 

 

Não tem sido a melhor altura para contar tempo, e passando o pleonasmo, não é tempo que me queira lembrar de contar, mas há sensivelmente duas semanas passaram dois anos sobre a derrocada. E se acabei por me pôr de pé, sacudir o pó, lamber as feridas, espalhar baldes de Biafine imaginário para ajudar à cicatrização, se fiz as pazes comigo e aprendi a largar o que tive de largar e a aceitar o que a vida me trouxe de novo, como a maré, ainda é - e sempre será - desconfortável lembrar. Foi um ano e tal para me levantar, os meses seguintes para consolidar que o passado ficou lá atrás e deixa-o estar.

 

E agora quando aqui venho e abro o dashboard, pior em dias cinzentos como a manhã de hoje, fico paralisada, dedos sobre o teclado e a garganta fechada, o ar a entrar e sair trôpego e irregular.

 

E é por isso que não tenho escrito, exceto de rajada e fugida, dias em que consigo não pensar no que estou a fazer e publico quase de olhos fechados. 

 

Quero, claro que quero voltar, que quero apagar a associação, mas só posso ver que está difícil. Por isso talvez tente criar um embrião novo, como este que nasceu depois da morte do meu pai, um outro nascido depois desta devastação toda - e do renascer das cinzas.

 

Em breve eu aviso como vai ser a partir daqui

 

PS: detestável seria não agradecer a todos os que me ajudaram durante aqueles momentos terríveis em que cada palavra vossa me ajudou a aguentar-me pedacinho a pedacinho. Vocês sabem quem são, todos os que me leram naqueles meses e deixaram um miminho, um abraço, palavras, ou apenas emojis. Todos os que me enviaram emails, mensagens (e peço desculpa pelos que não respondi), e se todos, sem exceção, me ajudaram a manter de pé e a avançar passinho a passinho, há alguém a quem tenho de agradecer em especial, pelo abraço apertado naquele dia negro em que estava sol, eu estava animada por fora e destruída por dentro, e ela me escutou durante um par de horas com toda a empatia do mundo. Diz-se que os amigos são como as estrelas: mesmo quando não as vemos, sabemos que estão lá a brilhar; obrigada, Isabel, por fazeres parte da minha vida. Só nos vemos de quando em quando, mas sabemos que estamos sempre no céu uma da outra, não é?

 

02 Set, 2023

Ginecologia no SNS

- as minhas gatas têm mais privacidade na veterinária...

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Ontem fui fazer uma ecografia, que esperava há um ano e picos, num hospital público (nos entretantos recebi um cheque cirurgia, apesar de ainda não ter sido verificado se era necessária ou não... SNS no seu melhor...). Felizmente estava tudo bem, a cirurgia que fiz o ano passado, no particular, foi bem feita. 

 

E tenho noção de que me vou queixar de barriga cheia, mas é mais forte que eu.

 

Apesar de ter esperado um ano e picos para ser chamada para fazer um exame, fui chamada e fiz o exame. Mas houve uma coisa que me fez espécie - e já há mais de dez anos tinha desistido de comparecer a consultas de Planeamento Familiar pelo mesmo motivo: a falta de privacidade é medonha. Entramos para a sala, está uma cadeira junto à parede e a enfermeira diz pode despir-se. Nem um biombo, caramba, nadinha! E damos por nós nuazinhas da cintura para baixo sem nada para "tapar as vergonhas", depois de termos feito o número de levanta-uma-perna-e-vai-a-ver-agora-é-que-me-esbardalho-e-agora-a-outra-ai-cais-cais-e-é-à-frente-desta-gente-toda (3 pessoas na sala). Não caí, e felizmente não me sinto embaraçada com facilidade MAS. Mas colocar um biombozito não levava o SNS à falência, pois não? É que há tanta gente para quem aquelas consultas/exames já são um embaraço tremendo, que acredito que deve tornar-se extremamente difícil desligar o complicómetro... digo eu...

 

- no Centro de Saúde era pior... não sei quem disse às administrativas que não há necessidade de bater à porta, mas na consulta de PF a que me refiro, estava eu deitadinha na marquesa, em posição de tudo ao léu, e entraram duas vezes. E é que nunca mais lá fui. Agora sei que está melhor, pelo menos no meu Centro de Saúde, mas na altura foi embaraçoso até para mim...

 

E pronto. Já me queixei de ter feito um exame num Hospital Público, e de uma consulta de Planeamento no Centro de Saúde, quando há tanta gente que nem médico de família tem. Bem sei que sou uma sortuda, mas no dia em que ficarmos satisfeitos com a má qualidade da parte humana do SNS, mal iremos... quando perdermos o sentido critico e nos sentirmos agradecidos por algo que é um direito previsto na Constituição.

 

A humanização dos serviços de saúde vai ser só uma expressão até quando?