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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Sempre importante, hoje pode ser vital

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A gentileza é uma postura que caiu em desuso. Não vou partir de um pressuposto simplista e apontar o dedo à internet, às redes sociais e demais teorias, mas sem dúvida que a possibilidade de se esconder no anonimato ajudou muita gente a libertar os seus demónios, e a soltar em roda livre insultos, impropérios e dichotes diversos, atropelando tudo à sua passagem, qual buldozer sem travões.

 

E é fácil: não devemos dizer nada que ou com o tom que não gostaríamos de ouvir e não escrever nada que não disséssemos de viva voz se a pessoa estivesse à nossa frente. Mais: (... ) há que ter noção de que cada pessoa é um mundo e cada um desses mundos tem uma história longa, complexa e com raízes fundas, pelo que julgar é, 'per si', um ato profundamente mesquinho.

 

Esta forma de estar sempre existiu. Já em miúda me lembro de escutar os mais velhos cortarem na casaca de quem não gostavam ou tão só manifestava uma opinião diversa da sua. Sempre houveram mexericos e mexeriqueiros, alcoviteirices e alcoviteiros... a grande diferença é que agora passaram a usar megafone - e com as redes sociais e os fóruns de publicações noticiosas e afins, esse megafone passou a ter proporções estratosféricas.

 

Ora estas posturas que se assumem, condicionam naturalmente comportamentos - do próprio e do outro. E se comportamento gera comportamento, ódio gera ódio... e entra-se  numa roda livre que exponencia o sentimento que acaba por envenenar quem dele faz uso e abuso. Como se diz "guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra" e isso serve como uma luva a quem se perde nos próprios féis, que destila em jato contra quem se mexe dentro do espaço abarcado pelo seu radar. E o grande problema aqui é que, ao contrário da máxima, o visado também morre desse veneno invetivo. 

 

Acreditar que inverter o processo é possível, é adotar as vestes de D. Quixote e investir contra moinhos de vento. E pensar na melhor forma para calar os vozeirões que reverberam em soundbites agressivos é insistir no problema, é olhar para o outro como fonte dos males do mundo e esquecer-me do eu. Porque a verdade é que cada um de nós pode fazer uma pequena diferença: pode ser positivo. Pode, acima de tudo, adotar uma postura gentil.

 

A gentileza pode adoçar um dia difícil a alguém. E deixa-nos, também, a sentir-nos melhor connosco. E é fácil: não devemos dizer nada que ou com o tom que não gostaríamos de ouvir, não escrever nada que não disséssemos de viva voz se a pessoa estivesse à nossa frente. Mais: é bom de vez em quando fazer um exercício de empatia e tentar ver o mundo pelos olhos do outro; quando não temos informação suficiente, há que ter noção de que cada pessoa é um mundo e cada um desses mundo tem uma história longa, complexa e com raízes fundas, pelo que julgar é, per si, um ato profundamente mesquinho. Quando algo que é escrito nos aquece o sangue - ou o põe a ferver - há que vestir o casaco de bigger person, dar um passo atrás e só quando este arrefece decidir o que dizer de volta. Mandar pastar qualquer beligerância subjacente ao nosso ego ferido, e fazê-lo com - adivinharam - gentileza. 

 

Porque isso pode ser aquele bocadinho assim que pode transformar um dia mesmo mau, num dia sofrível. E pode até parar os dedos revoltados no teclado.

 

Às vezes fazer a diferença é só isso: dar o primeiro passo, fazer o primeiro gesto. Distribuir compreensão e gentileza à nossa volta é, neste momento de reclusão, tão importante!

 

E, claro, nos nossos dias mesmo maus, há que fugir de teclados, fisicos ou virtuais, que ninguém é de ferro e todos temos momentos... lunares...

 

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