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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

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... e 'mái nada!

02 Mai, 2018

A Mia

A Mia tem 13 anos. Nasceu no dia 18 de fevereiro de 2005, ainda os meses se escreviam com maiúsculas (acho eu).

 

A Mia não era para ser nossa, nem sequer se chamar assim; a Mia foi adotada numa família de acolhimento da Catus, pela mãe de um coleguinha da turma do Tomás. Que tinha três filhos e um marido com um feitio do demo... poucos dias depois, foram a um casamento e eu fiquei de babbysitter. A Blimunda que entrava e saía de casa quando lhe dava na telha, trouxe umas lembranças da rua, que ofereceu à ruivinha. Não dei por nada, devolvi-a aos donos que ma recambiaram para que lhe tirasse as pulgas. Porque a responsabilidade, a ver, tinha sido minha. Recebi-a... e já não a devolvi. Se aquele pé de vento todo era por causa de umas pulgas, quando a bichana tivesse o primeiro cio, o homem atirava-a pela janela - e eles moravam num sexto andar.

 

A Mia não gostava de colo. Não gostava de festas. Não ronronava. Não interagia connosco. E eu andava de volta dela. Pegava um bocadinho e deixava ir. Apanhava-a distraída e fazia-lhe festas. Depois fui aumentando o tempo de colo, mas de troco recebia umas dentadas e uns arranhões. Não desarmei. Quando tinha dois anos começou a ronronar. E sempre que o fazia fugia espavorida, que não sabia o que era. Eu continuei firme até que ela se deixou levar pelo que lhe provocava o ronrom, e aceitou o som. E os mimos. E o colo.

 

E, acho que será bom de adivinhar, virou autocolante. No Inverno dorme dentro da cama, encostada à minha barriga, tendo eu os joelhos a 90º. No Verão, dormimos esticadas costas com costas, destapadas. Tem sido assim até hoje. Mas em crescendo: se eu estou muito tempo fora amua - ou bufa-me, como há dois dias. Quando estou a trabalhar com o pc no colo, no sofá, deita-se ao meu colo de forma a não incomodar...

 

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Às vezes, pelo conforto, encosta-se à minha anca. Onde estou eu, está ela. 

 

De há algum tempo para cá, às vezes, a Mia bebia agua, e vomitava a seguir. O mesmo com a ração porque, considerávamos nós, era excessivamente ávida a comer, engolia ar e vai daí, chamava o Gregório de seguida. E começou a beber menos água. Nestes últimos dias, deixou de sequer se aproximar da tigela da comida.

 

A Mia pesará, neste momento, à volta de um quilo. Um quilo de gata. Não sai de junto de mim, quando saio, mal se apercebe que isso vai acontecer, mete-se dentro da cama, do meu lado, ou fica no espaço que ocupei no sofá até eu regressar. Os nossos serões são passados com ela assim

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dentro do meu robe, qual marsupio... e quando me levanto chega à cama antes de mim, e quando me meto dentro desta, enrosca-se no meu colo a ronronar. Mas não como nem bebe. É um mistério como está viva. E feliz.

 

Hoje fui a uma loja de animais para comprar comida especial para convalescentes. Consegui que comesse uma colher de sobremesa. Só vomitou passado duas horas, uma aguadilha, pelo que alguns nutrientes terão sido absorvidos. O veterinário quereria internar...

 

Quando pergunto ao Victor como é que ela se consegue aguentar, ele aponta para nós duas e responde: por isso. E é por isso que ela não pode ser internada - nem sobreviveria à primeira noite, e partiria assustada, angustiada e sozinha. Por isso não deixo. Por isso faço o que posso, e mantenho-a junto ao meu peito todo o tempo que posso, e dou-lhe todo o carinho do mundo. Continuando a não comer, bem sei que não durará muito mais. Mas quando morrer, se tiver de ser assim, será comigo, ao meu colo, com todo o amor do mundo.

 

Porque ela é a Mia. A minha Mia. E eu sou a mommy dela.

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