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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Sou pouco tolerante a fundamentalismos. A forma como a bandeira feminista está a ser empunhada embaraça-me um  bocadinho: do oito passamos ao oitenta, e nem se vê onde se colocam os pés, ignorando muitas vezes quem está por baixo dos mesmos...

 

Eu advogaria um pouco de bom senso, mas compreendo a forma da coisa funcionar: os pratos da balança estiveram de tal modo desequilibrados que só invertendo esse desequilibro a 180º será possível, no futuro, chegar realmente à igualdade - mais que merecida e há muito devida.

 

No entanto a efetivação da ideia (que até era boa...) de irem todas de negro à cerimónia dos Golden Globes resultou numa imensa falácia. E por mais de uma razão.

 

Penso eu que a ideia consistia em criar homogeneidade. Era dizer que mais importante que o que vestimos, é o que somos. Mas não: a passadeira vermelha não perdeu o glamour, nem o brilho das luzes, dos cristais e lantejoulas, esmeraldas e diamantes, e se por acaso se tiver falado menos de quem vestiu quem (do que vi da passadeira vermelha, o tema foi abordado da forma habitual), não há alminha que trabalhe em revistas/sites/fashion blogs que não  saibam de quem era cada um dos vestidos exibidos.

E que vestidos. Unanimidade só na cor...

Dos mais conservadores - e criticados por isso - aos mais ousados - e igualmente criticados por isso - viu-se de tudo. 

O esplendor do sex appeal na passadeira vermelha não foi - de todo! - "quebrado" pela unanimidade na cor.

 

O meu vestido é mais espantoso que o teu, espelho meu,espelho meu, e quejandas, estava lá tudo.

 

Amigas: se querem mesmo protestar, encham a passadeira de smokings.

 

Vão todas de smoking - e não há cortes. Mas é verdade, este não é ainda (e espero que a palavra ainda se encaixe aqui) o momento de nivelar os pratos da balança, por isso talvez seria melhor combinarem qualquer coisa como irem

 

TODAS de jeans e t-shirt com a impressão de um qualquer ashtag alusivo, como o #time'sup desta cerimónia.

 

Assim, sim, todas diferentes, todas iguais!

 

De resto a industria, em resposta a estes protestos e aos casos Weinstein e Spacey, soma e segue: Ridley Scott refilmou All The Money in The World, com Christopher Plummer em substituição do ator de House of Cards. Choveram aplausos pela iniciativa, feita em contra relógio, e que estreou nos EUA antes da data prevista que era 22 de dezembro, tendo sido a premiére exibida a 18.

 

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O que não se conta é que enquanto Mark Wahlberg recebeu, para refilmar as cenas em que contracena com Plummer,  um milhão e meio de dólares, Michelle Williams, co-star de Wahlberg recebeu um nadinha menos de MIL DÓLARES ($80/dia).

 

E isto é de tal forma revoltante que se torna mesmo inacreditável.

 

De modo que está claro que há tanto mas tanto a fazer! Mas a forma glamourosa adotada nos Globes não e de-fe-ni-ti-va-men-te a mais eficaz... nem de longe...

 

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