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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Fui fã dos Duran Duran - o meu pai chegou a carregar o carro com teen-agers de hormonas aos pulos e a levar-nos ao Pavilhão do Dramático de Cascais para os vermos ao vivo. E pelos Duran Duran me fiquei enquanto fã-nática, ao mesmo tempo que ouvia, entre outros, Spandau Ballet, ABC, Classic Nouveau, e claro, Wham. Mas ao contrário de 80% das minhas colegas nunca achei grande piada a George Michael - muito "boneco" para o meu gosto. Enquanto elas suspiravam eu encolhia os ombros enquanto 'batia o pezinho' ao ritmo de Wake me up before you go-go.

E depois eles separaram-se e saíu Careless Whisper. Estando em plena adolescência - naquela fase meio-palerma dos amores não correspondidos, esse tema pesou um nadinha nos meus gostos, tendo sido ouvido vezes incontáveis entre suspiros rasos de lágrimas.

 

E foi a partir daí que comecei a descobrir e acompanhar o percurso musical do artista.

 

O album Faith ainda não surpreendia "tanto-quanto", mas já prenunciava qualidade. Listen without prejudice vol1, era mais adulto. Mas foi com Older que me colei a George Michael e não larguei. 

 

O compositor, o cantor. O artista. 

 

E arrisco: O Homem.

 

A  incapacidade de George Michael gerir emocionalmente a exposição, separar o lado público e o privado, os excessos, as suas fugas para a frente, as drogas... perguntei-me algumas vezes se o Anselmo não tivesse morrido, ele se teria aguentado na prancha, com o balanço das ondas... provavelmente é mais um wishful thought e nada mais que isso.

 

Quase 24 horas depois de ter levado com a noticia em cima como uma bigorna (e que me deixou francamente abalada) consigo dizer mais de que consegui proferir ontem por aqui - e hoje durante todo o dia, que fiz quatro tentativas e não consegui escrever nada.

 

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Consigo lamentar profundamente uma morte tão precoce mas que acredito ter significado paz. Lutamos, mas lutar tanto, todo o tempo, cansa. E Georgios Kyriacos Panayiotou pôde, finalmente, baixar a guarda e deixar-se ir.

 

A sua obra é eterna, e cabe-nos imortalizá-la, não como um favor, mas como um tributo à sua incontornável qualidade, ao que tinha de irrepreensível. 

 

George Michael foi um cantor com uma voz inimitável, e um compositor de primeira água.

 

Foi um privilégio acompanhar o seu percurso.

 

Descansa em paz, que viveste de uma forma mais que suficiente para o mereceres.

 

(para encerrar este post, escolhi a sua última performance em público,

na Cerimónia de Encerramento dos Jogos Olimpicos London 2012)

 

6 comentários

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    Fátima Bento 27.12.2016

    Vamos por partes.

    Leonard Cohen nasceu em 1934, editou 14 álbuns,o primeiro dos quais em 1967. Faleceu em Novembro deste ano, com 82 anos.

    Em relação a este, posso dizer que lamento, tanto quanto o é possível fazer, que a Academia Sueca não tenha decidido inaugurar a ampliação do espectro do Prémio Nobel da Literatura a cantautores, estreando-se com Cohen.

    A 11 de Novembro escrevi este post
    http://porque_eu_posso.blogs.sapo.pt/and-yet-leonard-cohen-1934-2016-133195
    agradecendo-lhe o tanto que fez pela poesia, pela musica, pela cultura.

    No post que comenta, refiro que os Wham acompanharam a minha adolescência. Conheço, ainda, de cor a letra de 'Wham Rap (enjoy what you do?)' que foi gravado em 1982 e lançado em 1983. E por
    aí afora.

    Seria impossível fazer um post igualmente emotivo a respeito de Cohen, aparte qualquer impossível comparação entre os dois (ou quem quer que seja, cada um vale por si), por um sem número de razões.

    Dou-lhe apenas as duas mais óbvias:
    Cohen partiu para a eternidade aos 82 anos, Michael aos 53;
    Trauteio 'Wham, bam, I am, the man...' , lançado quando eu tinha 13 anos. Não cantarolo nada de 'Songs of Leonard Cohen', porque quando o artista editou esse mesmo álbum eu ainda não o ouvia... nasci nesse mesmo ano...

    Bem-haja, e um excelente 2017
  • Sem imagem de perfil

    Pois, 27.12.2016


    Agora, para o Prince e também para, David Bowie.
    Não o fazer também para estes dois é inacreditavelmente uma, “falta de oportunidade e decência”
    É de veras lamentável!!!

    Bom Ano Novo, também para si.
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    Brama 28.12.2016

    Tenho impressão que a palavra "deveras" é junto ... mas poderei estar enganado.

    Eu gostei do texto de Fátima homenageando George Michael ... fazê-lo não implica que tenha de percorrer toda a torrente de óbitos ocorridos entretanto. Claro que George Michael deixa um legado artístico para sempre, tal como outros músicos. Mas no caso trata-se deste cantor. Não vejo qual o drama ... também lamento que tivesse morrido tão novo, eventualmente poderia ter muito a dar ainda ao panorama artístico.
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    Fátima Bento 28.12.2016

    Obrigada, Brama.

    Sem dúvida que sim, teria muito mais a dar ao mundo da musica.
    Mas viver na espiral da depressão, em meio a tantos outros demónios interiores é um preço muito elevado para nos dar mais do que sempre fez tão bem.

    Daí as últimas frases do meu post.

    Ele já merecia paz.

    B'jinhos e um ótimo 2017, com tudo de bom!

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    Brama 02.01.2017

    Obrigado Fátima, um excelente 2017 também.
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