Telefona-me o marido por volta da hora de almoço, já saíste de casa? E eu, ainda não, mais logo. Hoje acordei tarde... E ele, então vê se sais e vais aproveitar o solinho, está um dia espetacular! E eu, daqui a pouco, depois de besuntar a fascia com o 50, sol deixa-me sempre mais bem disposta!
Vai daí, à hora do segundo café (que não tem hora, é quando apetece), eis que lá vai ela em direção à esplanada do costume, na sua baía.
já não me lembrava que aquele Seixal con-ti-nua em obras...
Chegada, Rocinante estacionado, dirijo-me a uma mesa, e sento-me. Sobre a mesa está um copo de cerveja vazio e uma chávena de café suja. Empurro para um canto da mesa, para que não restem dúvidas que não é meu, e sento-me.
45 minutos depois, hora a que já NÃO me apetecia o raio do café - e já toda a gente olhava para mim com cara de estás-à-espera-de-quê? - levanto-me, deixo o telemóvel e a carteira na mesa, e da porta digo, projetando a voz: desculpe é capaz de me levar uma sommersby? É que estou há 45 minutos à espera de que me vão perguntar o que quero...
não pode ser, diz a gaja empregada, onde é que está sentada?
estico o braço e aponto para a mesa onde está: a loiça suja, a Vanity Fair, o telefone e a bateria portátil, e na cadeira, a carteira.
e desculpe pediu-me o quê?
(arrrghhhhh)
... repeti.
Voltei para a mesa e pensei, lá vem a desculpa.
POIS QUE DESCULPA FOI COISA QUE NÃO VEIO. Veio a sidra e são €1,50. Esperei o troco e comentei com os meus botões: será que com as moedas vem a desculpa?
Népia.
Fiquei lá mais um boooom bocado, a beber nas calmas e a ver se aparecia um dos donos, de danada que estava.
Nada.
Pronto, voltei, passei pelo Lidl para ir buscar pão, e no estacionamento está uma senhora a tirar a viatura do lugar, tudo muito certinho. Eu páro, e o raio dos travões "rangem",
{o Rocinante está de cirurgia marcada,
ele são pastilhas e discos novos,
e tudo e mais um par de botas. Vai regressar como novo}
mas isto de chamar a atenção de quem está num raio de 50 metros de cada vez que se encosta o pé no pedal anda a tirar-me do sério - e fora do sério já eu estava.
Levei a mão ao rosto refilei meio para dentro, ráspartóstravões, e devo ter feito uma expressão que a pobre senhora meteu a primera e encaixou o carro onde o mesmo estava. Acho que desconfiou que estava a fazer alguma coisa mal...
Não a sério: está um dia bonito, temperatura (mais que) agradável, solinho, e tudo e tudo? É melhor eu ficar em casa. De há uns tempos para cá é mesmo a lei de Murphy.
Caramba!
P.S: sabem 'aquele momento' em que sabem o que deviam ter dito e caramba-porque-é-que-não-disse? Pôs a garrafa e o copo sobre a mesa e são €1,50. E AQUI eu dizia: como eu pude esperar 45 minutos pela sidra, a senhora também pode esperar outro tanto pelo dinheiro (ali paga-se no ato da entrega). Mas não disse. E agora, mastigo.