Atrofiei
- o que é expetável e natural.
Há três dias que estou em casa. Não é nenhum recorde, mas calhou que neste momento quase nem sei respirar corretamente. Este fim de semana não escrevi, já escorregava para este espaço parvo que ocupo agora.
Não é a primeira vez que me sinto assim. Até há dois anos atrás, quando ainda fazia psicoterapia, quando isto acontecia, o meu terapeuta dizia-me "saia. Meta-se no carro e vá até à praia, caminhe na areia. Tem tão boas praias perto!"
Na altura encolhia os ombros e raras vezes fiz o que ele dizia. Ao "mas saia, não fique em casa" aquiesci algumas vezes, saía e ia até à esplanada, levava um livro, tomava café e ficava a ler e a ver o rio.
E agora?
Agora se me falta o ar vou ao supermercado(!!). Ou não. Mas daqui a nada tenho mesmo de sair, senão salta-me o resto dos berlindes...
Fala-se tanto dos problemas mentais causados pelo confinamento e ninguém fala do agravamento de problemas pré existentes... não sinto que esse seja o meu caso, estes atrofios batem, a gente cai, deixa-se estar um bocadinho no chão, depois levanta-se, sacode a poeira e sigaaa!
[porque deixar-se ficar um pouco no chão faz parte, e ajuda; quando nos levantamos temos mais forças para (re) continuar]