Não há nada melhor de que, depois de uma insónia monumental situada algures entre um dia assim (39º) e outro assado (27º a esta hora - meio dia), depois de ter adormecido a deshoras e acordado tarde com a inerente dor-de-cabeça de horários desregulados, depois de dar de comer às bichanas, tomado o pequeno almoço e tirado o café, chegar ao pc e deparar com esta notícia...
Digamos que fiquei com as entranhas às voltas.
Continuo a defender que a Inglaterra não perdeu tempo a fazer contas quando decidiu sair da UE. E quando falo de contas não falo de dinheiro; falo dos efeitos perversos de uma pedrada no charco DESTAS dimensões, que deixou reverberações profundas e que seriam previsíveis, tanto externamente (e dou de barato que os britânicos se estejam a borrifar para a Europa), como internamente - e aí, ladies and gentelmen, a roca fia mais fino... e o termo irresponsabilidade ganha uma amplitude diversa, e imensa.
Expetávelmente, o Império Britânico adivinha-se reduzido... e não eram necessários poderes divinatórios para o antecipar. A Escócia já tinha estrebuchado, e dadas as circunstâncias, exige o direito de ter voz própria. A Irlanda, que também disse não ao Brexit, vai apanhar boleia dos senhores de kilt, e a Inglaterra vai ficar a olhar para as mãos... e pronto, para o País de Gales.
A UE, ao contrário do que pensei de inicio, vai aguentar-se. Por um cabelo, mas se não levantar demasiadas ondas, se contiver a perversidade do senhor Shäuble, sempre pronto a disparar primeiro e pensar depois - e que enquanto a Europa ainda se mantém a fazer ten-tens, contiua a destilar veneno de ditador-em-potência e a atacar os pequeninos (sem sequer colocar a hipótese de, ao fazê-lo, estar a disparar nos próprios pés) - porque isso não ajuda MESMO ninguém.
Mas voltando a Farage, aquela ave-do-paraíso britânica, arauto da desgraça no primeiro discurso na noite do referendo, e eufórico no segundo (pile-ou-face?): esse senhor deveria estar agora sentadinho na cadeira de presidente do partido que deixa, preso com fita adesiva daquela prateada, com muitas voltas, tornozelos e pulsos, e agora ficas ai e arcas com as responsabilidades. Porque se o prédio cai, a culpa é do empreiteiro!
Mas Nigel Farage pegou no cliché e fê-lo dele: os ratos são os primeiros a abandonar o navio. E o senhor, cobardolas como se mostra, dá à sola antes da Bretanha se desintegrar.
Um exemplo a não ser seguido por gente com espinha dorsal.
