Décalage
(se procurasse um título mesmo, mesmo foleiro, estaria aí em cima, em gordas, qualquer coisa como 'o passado bate à porta'...)
Isto já é repetitivo: o meu passado não morre. Não sei se será assim com todos, mas volta e meia ressurge algo ou alguém inesperadamente, daquele lugar onde pensavamos que estava um deserto. E diz assim: estou viva/o e de saúde. E tu?
E eu? Eu, entre arranques e falsas partidas, lá gaguejo uma resposta, perdida entre o deve e o haver, e mesmo sabendo que não houve parágrafo, contava, ainda assim, com o retundante ponto final colocado no momento adequado.
Embora não me espante, e no fundo até soubesse que não se escondem fantasmas no armário, nem se varre o que quer que seja para baixo do tapete...
Mas é quase habitual: tomas como certo que determinado tema está morto e enterrado e de repente,
eis que o cadáver volta à vida.
(pois, já me devia ter habituado, mas de cada vez, cai-me tudo ao chão)
Uma coisa é certa: não me posso queixar de a minha vida ser monótona e pardacenta...