O escândalo Facebook/Cambridge Analytica mais não era que um desastre à espera de acontecer. Isto é um bocadinho como a divisão do átomo e a bomba atómica: uma coisa não foi descoberta/criada com a finalidade que se conhece. Mas.
Acho que qualquer cabeça com dois neurónios consegue entender que o FB é uma absurdamente gigantesca base de dados - confidenciais, claro! mas que pede concordância à cabeça (de resto como qualquer site) sobre a utilização de cookies... - e se a publicidade, sugestão de amizades e paginas nos chega feita por medida, não é muito difícil que tenha surgido a ideia de aplicar isto à política!
Porque para o eleitoralismo, que se move com imensas máquinas de marketing por detrás, este é o espaço ideal para experimentar influenciar. E ao conseguir, continuar em escala ascendente. De certeza que O Brexit não foi a primeira investida da Cambridge Analytica, mas sem dúvida que as eleições americanas foram as mais espantosas.
AGORA o que me deixa com a tal vergonha alheia é o enorme OH!!!! que uns fazem ao incidente, e o encolher de ombros que outros fazem ao mesmo, achando que não é comigo.
Ah, mas é!
Não consigo ser apoiante do #deletefacebook, porque não me parece que os privados tenham a ganhar, ou a perder em remover o perfil do FB por isto. As empresas têm muito a ganhar em demarcar-se, e é isso que está a causar o descalabro financeiro no gigante da social media. O individuo tem é de começar a pensar pela própria cabeça, e recusar tudo o que lhe dão a comer, já mastigado...
Ok, esta história foi feita a encoberto, mas com um véu relativamente fino, e descobriu-se.
Oh, o escândalo, o horror, a tragédia!
Tenhamos consciência de que os nossos dados (mesmo excetuando o FB!) estão todos armazenados em clouds (posso usar plural, não posso?)... e qualquer hacker habilidoso consegue entrar onde quiser - não é preciso dar exemplos, pois não? Puxem pela memória, que um dos maiores caso é recente.
E a C.A. não é a única empresa com aptidão para fazer a manipulação de dados que esta fez .
Na verdade, a facilidade de termos o mundo no bolso, num dispositivo do tamanho da palma da mão, só poderia ter um efeito perverso: nós, na palma da mão deles. Deles todos, os que chegam às clouds, os que leem as cookies, os que criam os algoritmos. E a nossa caixa de correio eletrónico ali tão perto...
Chegou o momento, NÃO de nos desligarmos dos social media, mas de questionarmos a informação que nos é entregue.
De pensarmos.
Porque não hajam dúvidas, chegámos a um ponto onde somos todos seres digitalizados. Até à medula...
Facebook, ou não Facebook...
P.S.: só para assustar mais um bocadinho: o Zuckerberg também é dono do Instagram e do Whatsapp...