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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

- e vai sendo altura de seguir

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Juro que não me zanguei com o blogue e muito menos com quem me tem lido estes anos todos. Mas o meu afastamento deste espaço e da escrita em si tem uma raiz "torta", uma dor fininha e pequena que volta e meia me morde: foi aqui que deixei dores imensas que me massacraram como nada nesta vida até ali. E é-me difícil agora sentar-me com o pc no colo - apesar de já ser outro, que o anterior já estava tãããao velhinho e sempre ajuda a tentar renovar a coisa - e escrever sobre tudo e nada (nada que nem me ocorre), quando não consigo deixar de associar tudo com aquele ano escuro, que pensei tantas vezes não conseguir ultrapassar. 

 

Não tem sido a melhor altura para contar tempo, e passando o pleonasmo, não é tempo que me queira lembrar de contar, mas há sensivelmente duas semanas passaram dois anos sobre a derrocada. E se acabei por me pôr de pé, sacudir o pó, lamber as feridas, espalhar baldes de Biafine imaginário para ajudar à cicatrização, se fiz as pazes comigo e aprendi a largar o que tive de largar e a aceitar o que a vida me trouxe de novo, como a maré, ainda é - e sempre será - desconfortável lembrar. Foi um ano e tal para me levantar, os meses seguintes para consolidar que o passado ficou lá atrás e deixa-o estar.

 

E agora quando aqui venho e abro o dashboard, pior em dias cinzentos como a manhã de hoje, fico paralisada, dedos sobre o teclado e a garganta fechada, o ar a entrar e sair trôpego e irregular.

 

E é por isso que não tenho escrito, exceto de rajada e fugida, dias em que consigo não pensar no que estou a fazer e publico quase de olhos fechados. 

 

Quero, claro que quero voltar, que quero apagar a associação, mas só posso ver que está difícil. Por isso talvez tente criar um embrião novo, como este que nasceu depois da morte do meu pai, um outro nascido depois desta devastação toda - e do renascer das cinzas.

 

Em breve eu aviso como vai ser a partir daqui

 

PS: detestável seria não agradecer a todos os que me ajudaram durante aqueles momentos terríveis em que cada palavra vossa me ajudou a aguentar-me pedacinho a pedacinho. Vocês sabem quem são, todos os que me leram naqueles meses e deixaram um miminho, um abraço, palavras, ou apenas emojis. Todos os que me enviaram emails, mensagens (e peço desculpa pelos que não respondi), e se todos, sem exceção, me ajudaram a manter de pé e a avançar passinho a passinho, há alguém a quem tenho de agradecer em especial, pelo abraço apertado naquele dia negro em que estava sol, eu estava animada por fora e destruída por dentro, e ela me escutou durante um par de horas com toda a empatia do mundo. Diz-se que os amigos são como as estrelas: mesmo quando não as vemos, sabemos que estão lá a brilhar; obrigada, Isabel, por fazeres parte da minha vida. Só nos vemos de quando em quando, mas sabemos que estamos sempre no céu uma da outra, não é?

 

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