Dos livros que não compramos porque não nos deixam
... e de gente fantástica que escreve coisas brilhantes
Se vou procurá-los numa livraria quando estas abrirem? Não. Não tenho por hábito ir atrás dos livros, gosto mais que venham atrás de mim.
Todos sabem - se não sabem andam distraídos (aqui, ó) - fiquei e continuo indignada, para dizer o mínimo, por ter sido proibida a venda de livros nas grandes superfícies. Ninguém ganha: quem compra livros entre a costeleta e o molho de espinafres, não vai a correr às livrarias físicas, mal estas abram, para os comprar. Há compras que se fazem porque sim, porque o livro nos pisca o olho e vamos atrás, porque o nome do autor nos chama, porque nos perdemos na bancada dos livros com descontos. Ou só porque "hoje vou levar um livro", porque apetece, porque mereço, ou tão só... porque sim. E depois o momento passa.
Recebi como, acredito, muita gente, um email do Grupo Presença, que me oferecia quatro livros por €25. Vi o catálogo, e haviam quatro (eram mais seis...) que encaixavam no que apetece ler nestas alturas confinadas, todos da Cecília Ahern (os outros dois eram thrillers de autor que não conheço, nem recordo o nome, mas que me pareceram apelativos). E como sei que as editoras estão a ficar estranguladas por esta nova "lei", enchi o carrinho... e coloquei de lado. E pus-me a equacionar a despesa. Porque já tinha recebido dois livros de uma livraria digital e vinham outros três a caminho. E este ano, ainda nem sequer comecei a ler. E... não completei a encomenda.
Posso garantir que, se fora no hipermercado, teriam vindo comigo. Porque lhes tinha pegado, tinha aberto, lido uma ou duas frases, recordado o que já li da autora, e pesado que se não os levasse naquele dia, quando voltasse provavelmente já não os encontraria. As equações não teriam lugar, quando muito surgiriam à posteriori, e o brilho das novas lombadas afastá-las-ia dum piscar de olhos.
Se vou procurá-los numa livraria quando estas abrirem? Não. Não tenho por hábito ir atrás dos livros, gosto mais que venham atrás de mim. Quando há algum que quero comprar, de um autor que gosto, daqueles que ainda vêm quentinhos, acabadinhos de sair, a tinta ainda a acabar de secar... encomendo online. Um ou dois dias depois (uma livraria digital, fora do confinamento, chegou a entregar-me livros 18 horas depois de os ter encomendado, coisa que até hoje me espanta!) tenho-os nas mãos.
Desenganem-se pois: os livros que ficaram por comprar já não vão ser comprados*
E depois, hoje de manhã li esta crónica no Despertador, um email do jornal Público que recebo todas as manhãs. E achei absolutamente brilhante. Porque para além de falar dos livros que não podemos comprar, fala da outra coisas que só não me traz pelos cabelos porque quando ligo o canal de noticias e estão a dar diretos ou reportagens de vacinas, mudo de canal. Mas que me irrita, irrita.
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* exceções há, mas neste caso vão confirmar a regra. Até porque quem quer um determinado livro ou encomenda online agora, ou provavelmente desiste. Se todos tiverem tanta paciência para esperar, como eu...