E os nossos velhotes senhores...
Soubéssemos a alegria que lhes damos com a nossa presença!
A minha querida sogra sempre teve uma energia que me punha a um canto. Desde que a conheço. E aos oitenta anos, feitos em outubro, não tinha mais de setenta.
Na auto estrada comentámos o mal que esta bodega desta pandemia esta a fazer aos mais velhos. Que já estão com uma esperança de vida tão curtinha e que agora foi cortada a talhe de foice. É um estás vivo mas não vives que dói.
Veio o Covid do filho, foi fazer o teste e também positivou. E depois este desenvolveu a p**a da pneumonia e foi internado. E ao ter de ficar em casa juntou-se a solidão e a preocupação com ele. Mesmo com vários telefonemas nossos, por dia, definhou. Não poder andar (ela fazia um ou dois quilómetros por dia) ajudou tanto a isso... quando lhe levantaram o peso do vírus dos ombros e pode sair, ficou com medo. As pernas não obedeciam como antes, e a ansiedade manifestou-se em sintomas físicos quando saía de casa, tonturas, suores... fomos vê-la poucos dias depois e fomos com ela até ao mini mercado, para a ajudar a trazer as compras - e fazê-la andar um bocadinho.
Entretanto o meu cunhado teve alta. Voltou para casa e ficámos felizes por ela ter novamente companhia (se a alta tivesse demorado mais 24 horas, tinha vindo cá para casa...), o que fez bem aos dois.
E ontem fomos vê-los. Ficaram super satisfeitos por nos verem - os olhos dela brilhavam como os de uma criança na manhã de Natal. E quando saímos pediu num beicinho que voltássemos mais vezes.
Na auto estrada comentámos o mal que esta bodega desta pandemia esta a fazer aos mais velhos. Que já estão com uma esperança de vida tão curtinha e que agora foi cortada a talhe de foice. É um estás vivo mas não vives que dói.
E é isto. A minha sogra, que moral e fisicamente tinha setenta anos, hoje tem mesmo oitenta - e bastou um mês... nem foi preciso muito, bastou um mesinho...