Eurovision Song Contest outra vez...
O título não se deve apenas ao facto de toda a gente estar a falar do assunto, que neste momento, de resto, é incontornável - mais de que isso, remete-me à minha infância.
Eu sou do tempo [e quando escrevemos esta frase sabemos que estamos com (mesmo) muitos anos em cima - e o que vem a seguir comprova-o] em que só tínhamos dois canais de televisão, a preto e branco. Quando eu era mesmo pequena, só abriam às 19h, dando de tarde a tele-escola (googlem, pessoas mais jovens, senão não saímos daqui hoje), e fechava às 23h, com o hino nacional e a bandeira portuguesa a ondular ao vento. Depois começou a abrir a meio da manhã e a fechar a seguir ao almoço.
Eu sou do tempo em que se perdíamos um programa era o fim do mundo - nem se imaginava que ia haver forma de gravar televisão, quanto mais passearmos pelos últimos sete dias de todos os canais com um clique... depois veio o Betamax, seguiu-se o VHS, o DVD, o Blu-Ray, o cabo, a fibra, o 4G. Hoje tenho mais de 200 canais na televisão, posso ver, rever, gravar, apagar... e já nem vou falar do resto...
Eu sou do tempo em que o Eurofestival um happening: era o ponto alto do meu ano televisivo, desde que sou gente. Era O dia que mais gostava, e que preparava até ao pormenor, com snacks para engolir durante as votações, em que torcia freverosamente pela minha canção favorita - e que podiamos ouvir UMA VEZ na semana anterior. E que regra geral não era a portuguesa. Claro que era uma festa quando davam uns pontitos a Portual, mas era mesmo só isso. Desde 2006 que não via o Eurofestival - e mesmo nesse ano vi na diagonal.
Neste momento, 11 anos depois, vejo-me "obcecada" com o mesmo, a visitar religiosamente o you tube, a devorar entrevistas, previsões, a consultar as listas de apostas... acompanhar o streaming do ensaio geral da primeira meia final foi uma daquelas coisas que ainda há um punhado de anos era ficção cientifica... e eu vi!
Estamos bem cotados. Passámos a primeira meia final, e no próximo sábado, "aguenta coração" como dizia o Carlos Malato ontem.
Já mencionei o quanto gosto da canção aqui, e não tenho, de facto, palavras para expressar MESMO o que a canção me faz sentir... É a 'coisa' mais bonita, ternurenta que até hoje apresentámos naquela mostra, e o Salvador é aquele bocadinho extra que lhe dá o 100%, e que deixa à beira das lágrimas muito boa gente que não entende sequer uma palavra de português.
Sábado vamos estar todos - ou quase - em frente à televisão a torcer, retorcer, contorcer, a roer as unhas.
Mas.
Mas independentemente do resultado, o Salvador Sobral já é um vencedor (não descurando a importância da Luisa Sobral, autora da canção e big sis em plena acessão da expressão). Não só mas também porque já nos elevou o coração até um patamar inédito.
Estamos todos à uma por ti!
Obrigado Salvador!
#POR
(e aqui, a prestação de ontem, para quem não viu ou quem quer rever...)