Uma Diva Fora de Tom, um filme que transborda do grande écran para a nossa corrente sanguínea...
Some may say that I couldn't sing, but they will never say that I didn't sing.
Foi uma loooonga espera... o filme estreou em terras de Sua Majestade quando estava em Londres, a 23 de Abril, e havia um sem número de autocarros a publicitá-lo. Nessa altura já tinha lido qualquer coisa (pouca) sobre a pelicula, que me tinha deixado a salivar... convenhamos que um filme que junta a grande Meryl e Hugh Grant tem tanto de improvável quanto de irresistível! Tenho ideia que esteve de data marcada para estrear por cá em Maio (vi na altura no IMDb), mas a verdade é que acabou por ser empurrado para a rentrée, e hoje foi o dia.
E posso dizer que valeu a espera.
Dizer que a atriz está fantástica vai sendo um lugar comum... já sabemos todos que ela é fabulosa e veste os personagens como ninguém, e tudo e tudo... e esta Florence Jenkins não só não desilude como consegue entrar-nos no sangue. O filme está construído num crescendo que mimetiza as reaçôes de Cosmé McMoon, o seu pianista, desde o momento em que este trava conhecimento com a diva. Rimos despudoradamente no primeiro quarto de hora, e vamos perdendo o sorriso e aumentando a empatia, a sensação de ternura invade-nos, e às tantas quase que entramos filme dentro e tapamos os olhos e ouvidos de Florence para a distrair por forma a evitar que tome contacto com a realidade.
O momento do espetáculo no Carnegie Hall é o momento do filme em que a emoção já corre com rédea solta - e em que convirá aos mais sensíveis terem uns lencitos de papel à mão...
(pois se até aqui a escriba abriu a torneira - e mais cedo...)
Stephen Frears faz um trabalho extraordinário, e consegue fazer a emoção transbordar do grande écran com uma cadência contínua e certeira, que nos agarra a todos num Bolero de Ravel de emoções.
O que eu gostava de ver este filme nos Óscares! Não sendo o filme tipicamente óscarizavel, pode eventualmente sonhar com uma nomeação na categoria de atriz principal pelo trabalho sublime de Meryl Streep, mas é só. Mas quanto a mim, é um bouquet de ternura e emoção muito bem composto, que vai passar a fazer parte dos meus filmes favoritos.
Muitíssimo bom.
Se querem ter uma boa ideia da história do filme, e da Florence verdadeira, espreitem este clip promocional, que consegue contar bem quem foi a diva.
De ver. Mesmo, mesmo, MESMO!