E lá comprei a bendita tábua de engomar, com menos 2 ou 3 cm de altura que eu quando está fechada, e com quase 50 cm de largura de area de passagem. Uma coisita pikena, pertantes.
{Parenesis 1 - no passado sábado fui buscar os óculos progressivos. O máximo que tinha usado tinham sido lentes intervision, vai daí, o progressivo é um mundo novo que me deixa um bocadinho à nora, e atordoada, que a informação que o cérebro lê vai, amiúde, distorcida...}
Agora imaginem-me a empurrar um carrinho de supermercado com uma bisarma daquelas dentro, que bloqueava completamente a visão do meu lado esquerdo, e a ver tudo dessincronizado... foi penoso. Acreditem que a minha promenade ontem pelo hiper foi de pôr à prova os mais resistentes - mas levei a tarefa a bom porto.
Ora passo na caixa, pago as compras - que encheram dois eco bags, além do trambolho-mor, e pronto, eis que me dirijo ao Rocinante que, tadinho, até deve ter ficado sem fala quando me viu ao longe.
Treinada pelas ocasionais compras no Ikea, coloquei os sacos e afins na mala, e agarrei na tábua - que não é leve mas não me matou - levantei-a e passei por cima dos bancos traseiros, e aventei um ó pá tu vais fechar não vais? (falar sozinha é o meu nome do meio), enquanto, devagar, baixava a porta.
Atão não fechas?????
Ok. Tirei as chaves da fechadura da porta da bagageira - onde deixo sempre por pavor de alguma vez as fechar dentro desta e estar a uma distância de casa suficientemente grande entrar em parafuso), e abro as portas do carro - que já teve fecho central mas com a idade vai perdendo faculdades, meu rico menino.
Baixo um dos bancos traseiros, mas nem me perguntem o que eu esperava com a coisa, assim sem mais.
Ó IDIOTA, TENS E TIRAR O COISO ATRÁS DOS BANCOS QUE TAPA A BAGEIRA!
Suspiro. Dou a volta a maldizer a minha vida... baixar já baixara, agora retirar, nunca. A ver, a ver. Claro que para facilitar não tirei a tábua, que continuou ali, fazendo eu tudo com uma mão enquanto amparava o peso da dita com a outra... às tantas lá consigo tirar o coiso, deixo-o pousar sobre os sacos de compras, e respiro fundo
UFA,
já está! e fecho a bagageira.
Vou pôr o carrinho no 'estacionamento dos carrinhos' e entro para o automóvel, louca por chegar de vez a casa! Estendo a mão para agarrar na chave e a enfiar na ignição e... qu'é dela????
Qu'é da chave do carro?
Tiro tudo da carteira, de certeza que pus aqui!! (com um gremlin a gargalhar-me ao ouvido).
Népia.
(o gremlin começa a cantar o clássico na-na-na-na-na-NA!, enquanto se rebola no chão agarrado ao estômago e aponta para mim já a chorar de tanto rir).
Ok, encho o peito de ar e assumo. Deixei-as na bagageira.
Pensa rápido, já estás aqui há horas... certo, vamos lá baixar o outro banco e vasculhar.
Buga!
Baixo o outro banco e a primeira coisa que vejo é o mega saco cheio de eco bags vazios. Ahhhh!!!!!, tiro e ponho sobre a tábua. Depois o primeiro saco das compras, ahhhh!!!!! : para fora do carro, chão. Saco do Celeiro ahhhh!!!!!, também sobre a tábua. Segundo saco de compras ahhhh!!!!!, arrasto-o na bagageira, para junto da caixa que entre outras coisas tem a caixa de ferramentas do gajo.
{Parentesis 2 - não sei se conseguem visualizar a cena: com os dois bancos rebaixados, eu estava de fora do carro a fuçar na bagageira, cujo ponto forte sempre foi ser grande, mas que ontem me fez olhar para o tamanho de outro ângulo...é que às tantas, de fora já só haviam pernas e rabo...}
- E oiço O SOM.
My precious!!!! Afasto mais um nadinha o saco e ei-las! Agarro-as como se a minha vida dependesse disso, meto os sacos de qualquer maneira possível, e ponho o corcel a mexer, tirem-me deste filme. E DEPRESSA!
Antes desta epopeia, enviara uma mensagem ao marido, que chegara do trabalho, não troques de roupa, preciso que venhas ao carro (para transportar a puta da tábua). Quando estaciono o bólide, pego no telemóvel. Resposta: já foste! (também, quase uma hora depois...)
Ok.
Arregacei as mangas, tirei o raio da tábua, pu-la dentro da escada. Retirei os sacos das compras, coloquei junto à porta. E agora põe lá 'o coiso' no sítio - se nunca o tinha tirado, também nunca o tinha posto, duh! Mas depois daquilo tudo, foi como limpar o cu a meninos.
Quando entrei na escada um dos meus gajos já tinha levado o chaimite para cima, graçádeu! Arrastei-me, e mais aos sacos, escada acima.
Entrei em casa e disse ao marido
Irra que se eu puder complicar uma coisa, eu complico, dasse!
Ainda nos havemos de rir desta história, mas canudo estou p'a morrer... e contei-lhe.
A meio já dava valentes gargalhadas.
Agora a sério: se eu não nascesse... vocês sabem o resto...