Hoje, acordei.
Hoje a cama tornou-se incómoda a horas nada habituais. Virei-me, pus-me em todas as posições... o pensamento ia-me dando cotoveladas e eu ia-o empurrando 'para lá'.
Até que desisti.
[Não sei se conhecem aquela sensação de passar um dia inteirinho com uma roupa dois tamanhos abaixo. Aquela sensação em que mexer-nos é penoso, e levantar os braços quase impossível... presumo que seja assim que, às tantas, aquela que foi lagarta se sente dento da crisálida. E é nessa altura que começa a baloiçar-se, e a notar que necessita de fazer cada vez movimentos mais amplos por forma a poder respirar decentemente].
Hoje sinto-me assim.
Sinto que o casulo já está a começar a apodrecer, e se não pontapeio com força para todos os lados, ainda me arrisco a ficar lá dentro de vez, a começar a mirrar as asas sem nunca as ter aberto. Sem nunca sequer ter adivinhado a sua dimensão.
Hoje acordei.
Acordei e decidi que já chega. Já chega de coitadices, já chega de desculpas e de chutar para canto.
Hoje acordei e decidi que é hoje, não amanhã nem depois.
É hoje porque já chega.
E saí da cama, e vou começar a fazer coisas cedo, porque o dia tem só 24 horas. E 24 horas não é assim tanto tempo, embora hajam dias em que o desejo de as encurtar para (menos de) metade me tenha imobilizado. O que não interessa nada, porque já passou.
{Hoje é o dia de sacudir a poeira dos dias parados. De abrir as janelas e arejar a casa}
Hoje é dia de pontapear, se tiver doer que doa, mas o casulo abre hoje.
Porque TEM DE SER HOJE.