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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

06 Jun, 2018

Intuição

Fui falar com a veterinária há bocado, depois da Mia ter vomitado uma quantidade de liquido considerável. juntamente com uma pequena quantidade de alimentos não digeridos. Quando voltei tive de me deitar um pouco sobe a cama para organizar as ideias...

 

A doutora acha que será FIV ou FEV. Sugeriu fazer análises, mas registando o meu pedido de nada invasivo, disse-me que, independentemente do resultado, não teria solução, porque nenhum dos dois tem cura. Disse-me que podíamos tentar soro sub cutâneo (que eu administraria) misturado com vitaminas, e um medicamento para lhe reforçar o estômago, que poderia resultar.

 

O condicional aqui agonia-me. Porque se podíamos tentar, e se o medicamento poderia resultar, isso, não é suficiente.

 

Porque ela está espevitada e feliz, independentemente de em alguns dias ficar agoniada, ou de sentir desconforto intestinal, ela mal vomita, como há umas horas atrás, corre para a casa de banho, salta para o lavatório para beber água e segue para a cozinha para comer. E volta para o colo quando se sente saciada. 

 

Porque não está sujeita a stress.

 

Mia coll.PNG

 

Suponhamos que aqui a mommy, pessoa em quem ela mais confia, a leva a um espaço estranho onde é vista, revista, picada, e se os níveis de stress atingiriam níveis estratosféricos, adicionem o pormenor de EU começar a picá-la em casa.

 

Quantos dias acham que demoraria a desistir? E a sentir quanta insegurança e ansiedade?

 

Assim sendo, vou continuar por este caminho. Vou alimentando com as coisas que ela gosta, com variedade, vou limpar a diarreia que ela faz fora do caixote, vou limpar o vomitado - que ela faz onde calha, evitando a cama, e nós - salta para o chão e cá vai disto. Vou continuar a dar-lhe todo o carinho e atenção do mundo. Quando chegar a hora dela, hei-de estar ao seu lado - como estive aquando do adeus da Blimunda - para que esta parta com serenidade e envolvida em carinho.

O que a Mia tem é mortal. Pode estar connosco mais uma semana, um mês, três, seis? não sei. Mas que seja sem stress, nem ansiedade. Em paz e rodeada de carinho.

 

Compreendo que haja quem não compreenda a minha posição. É doloroso tomar esta decisão - mas é necessário sangue frio, e seguir a minha intuição; e eu sei que é o mais indicado neste caso.

 

Já se fosse Piccolina, a minha postura não seria esta: ela é assustadiça. mas não fica descompensada se passar cor uma situação com algum stress, e poderia dar-me uma dentada depois de lhe dar uma injeção, mas passado um bocado já não estaria alterada. Já a Mia, a partir do momento em que lhe desse a primeira pica, começaria a descer. E a encurtar o tempo... mais importante de que o corpo, é a vontade. E minar a vontade de viver da Mia está fora de questão.

 

Espero limpar cocós e vomitados durante muito tempo. Espero que tenha de viajar connosco nas férias, é sinal que ainda está connosco. 

 

Vamos a isto, um dia de cada vez.

 

2 comentários

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    Fátima Bento 07.06.2018

    É uma decisão muito difícil de tomar, mas que é necessária. 
    Tendo em conta que a doença não tem cura, trata-se de viver um pouco mais com medicação invasiva, ou - eventualmente - um pouco menos mas em paz e sossego...
    Eu não teria gostado que o meu pai tivesse vivido mais tempo se estivesse em sofrimento, tal como o meu sogro. Felizmente o corpo do meu pai cedeu sem que ele sentisse dor - que é uma coisa que só tem uma explicação psicossomática, ele tinha dores no hospital e quando veio para casa não tinha, e só tomava analgésicos (tinha milhentos) em sos... e ninguém conseguia explicar como é que uma pessoa cheia de pequenas necroses e recém amputada não tinha dores...
    No caso do sogro, ficou em paliativos e o corpo acabou por se "desligar"...  


    Não quero menos para a minha Mia. Quero a tranquilidade que consegui transmitir ao meu pai, que me chamou ao quarto e morreu nos meus braços, serenamente.
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