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Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Ora eu, que ando a dormir de tão informada que desde há uns tempos passa-me tudo ao lado (acho que ando a usar filtros a mais, eheheh), fiquei com carinha de parva quando tropecei nos livros da Martine. A sério, eu conhecia a rapariga tu cá tu lá como Anita, vão a ver era uma identidade falsa, a sonsa! Fez-me companhia a infância toda, a ensinar-me coisas politicamente (in)corretas como ser mamã ou dona de casa (e não é que acabei mesmo por decidir ficar em casa a cuidar dos rebentos em vez de seguir uma carreira?), e a sonhar com festas de anos fixes, e - desse não me esqueço MESMO - como aprendeu a andar de bicicleta (sim, desejo não concretizado, mas que vou cumprir antes do final de 2015).

E agora vai-se a ver, andou a enganar-me este tempo todo, a fazer passar-se por quem não era, qual Mata Hari dos chocolates e bombons!

A justificação é que se o Mickey foi sempre Mickey, o Asterix, Asterix e o Tintim, Tintim, a "Anita" também quis assumir-se (anos de psicanálise, diz-se à boca pequena pelos corredores da editora) como a Martine que sempre foi.

Mas pensem comigo:

Eu tenho '47 going on 48' anos (juro que ainda não consegui meter isso na cabeça, mas isso são outros quinhentos), e quando era pequenucha, a mãe comprava livros da Anita - como depois comprei para a minha infanta, o que também não interessa nada. Ora há 48 anos atrás (não sei qual a data da primeira edição dos livros no nosso país, por isso vou basear-me na minha idade), vivíamos em ditadura. Agora ficamos de boca aberta com o black out da Coreia do Norte  - que não faz sentido algum neste ambiente de aldeia global - mas na altura Portugal era assim uma amostra desse tipo de desinformação total. Só tínhamos a vantagem de poder sair e entrar do  território - mas quando passámos a fronteira de Caia, traziamos as garrafas de Coca-cola escondidas, E bombshell Barbies, só se hablassem la lengua de nuestros hermanos, que americanices como essas não havia, só na candonga. E - esta é mesmo só por curiosidade - sabiam que os maridos tinham de assinar um documento  a AUTORIZAR que as esposas saíssem do país em viagem? Era.

Agora não me perguntem do Asterix, do Tintim (ou do Mickey, mas acho que esse também só apareceu depois da revolução dos cravos), mas os nossos zelosos chefes achariam que as meninas não deveriam falar sequer nomes em outras línguas - e reparem, ainda hoje temos o excelente hábito super-hiper-maga provinciano de chamar Isabel à Elizabeth, Carlos ao Charles, valha-se! que já não chamamos Guilherme ao William nem Catarina à Kate...

Por tudo isto, infelizmente, a Martine nunca se pôde assumir como tal. 

Tadinha.

E diz que 'o que vale é que as histórias continuam iguais apesar da mudança do nome': a sério? Martine mamã, e Martine dona-de-casa?

Para mim faltam-lhe ainda uns bons aninhos de psicanáise, é o que é...

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