Em vez de fazer menção ao caso da rapariga britânica que aos 19 anos está a tentar subsidio por crowdfunding para remover as mamas, porque não se sentir enquadrada em nenhuma das duas "caixas" que a sociedade estabeleceu como sim-ou-sopas - e cujo namorado apoia a 100% (!!!!!) - dado que este caso é OU absurdamente simples OU terrivelmente complexo, vou abordar um caso prés-du-coeur, e que conheço bem.
Foi uma criança em que a masculinidade não saltava à vista, nem se escondia. Sempre gostou mais de bonecas que de bolas e carrinhos, mas também o meu filho A-D-O-R-A-V-A brincar com as minúsculas Polly Pockets, nas suas aldeias, em que se moviam sozinhas por meio de imanes. Mas ele cresceu e continuou sempre sensível, sempre suave, com as emoções à flor da pele, e comecei a pensar que era melhor os pais começarem a preparar-se para um futuro genro e não nora (acreditem, sem o mínimo preconceito da minha parte). Mas longe de mim levantar o assunto, que os pais são assim para o tacanho e poucochinho - e sim, estou a ser preconceituosa, mas com razão.
A verdade é que começou a revoltar-se por se sentir mal na sua pele, com o passar do tempo. E a fechar-se e a deixar a família do lado de fora da porta.
Nunca falei do assunto com ele, que sabia que fosse o fosse podia contar-me; o problema, penso eu, é que o receio de assumir perante o próprio as suas pulsões sexuais o assustava de tal modo que fugia de pensar nisso.
Há uns dias, soube através do Instagram que tinha saído do armário e tinha um namorado. Fiquei contente. Sempre achei que ele merecia tanto ter paz e ser feliz! Deixei-lhe um like, e refreei-me de lhe deixar um comentário lamechas.
No dia seguinte tinha sido bloqueada.
Afinal o meu querido e jovem amigo não saiu do armário: aprendeu a viver às escondidas. Já houve quem me perguntasse sabes que o F. saiu do armário, ao que encolho os ombros, não sei de nada.
Acho tão triste.
Tão, tão triste...