Eu disse que falaria sobre O Desaparecimento de Stephanie Mailer, um dia destes... pois bem, hoje é o dia.
Mas primeiro, tenho mesmo de falar de Joël Dicker. Para mim é mais fácil começar por falar do escritor que do livro - desde que não seja uma primeira obra.
Ora Dicker arrebatou-nos com A verdade sobre o caso Harry Quebert: acho que não houve quem não gostasse. A forma de escrita é a mesma, calma, descritiva, como se o autor tivesse todo o tempo do mundo. E depois aquela relação professor/aluno fez-nos mesmo querer andar por ali, aprender mais qualquer coisa.
Em O desaparecimento de Stephanie Mailer, Dicker continua a escrever como se tivesse todo o tempo do mundo. Passeia-se pela cidade como se esse fosse o seu papel: passear, observar. E nós, atrás dele, vamos fazendo o mesmo. Andamos cinco quilómetros a pé para ver uma mancha numa qualquer parede, e nem sabemos se tem alguma coisa a ver com a trama principal. News flash: ás vezes não tem.
Joël Dicker é um grande ilusionista: faz-nos olhar para onde quer, para depois nos mostrar a mão vazia. Acena-nos - tão discretamente que parece que estamos a chegar lá sozinhos - com um provável suspeito, para logo a seguir nos mostrar um álibi à prova de bala. Entretanto já a nossa atenção está dirigida para outro, e o anticlimax repete-se.
Por tudo isto, Dicker é absolutamente brilhante!
No entanto, e quem me segue no Instagram sabe-o, não gostei nada deste livro; setecentas paginas lidas a custo, que quando acabei, deram lugar a um suspiro de alivio. Honestamente não me lembro bem do final... que nem é o mais importante num livro, quando gosto mesmo dele. Lembro-me do que fiz a seguir: corri à Bertrand e fui comprar o último Lars Keplar: se é para ser policial, que o seja!
No livro de Dicker fiz uma coisa que NUNCA faço: não li um capítulo. Um capítulo de duas paginas que, já tendo aprendido a decifrar o MO, vi que não tinha qualquer importância: um dialogo da mulher policia com o ex marido, perfeitamente dispensável. Aliás, há tanto de dispensável neste livro, senhores! Aquilo podia ter sido escrito em metade das paginas! Assim torna-se chato e comprido.
Está ali, arrumadinho na prateleira, e só não foi para venda porque, de esperançada que estava, carimbei-o antes de o ler...senão, garantidamente, já não estaria aqui.
(eu sei que houve mais quem me pedisse que escrevesse a minha impressão, mas neste momento lembro-me claramente de ti... ei-lo, pois!)