O retiro - dia 3. (Acreditem que foi MESMO assim...)
Acordei para o meu terceiro dia com a sensação de 'aproveita hoje que amanhã acaba'...
Tomei o pequeno almoço já de fato de banho vestido, levantei as toalhas na receção e desci para a piscina.
Quando entrei fiquei surpreendida pela positiva com a temperatura ambiente, superior à da véspera, o que me pareceu um bom principio. Já tinha despido o top, indo começar a tirar as calças, e eis que surge uma funcionária do hotel a pedir muita desculpa mas que a piscina se encontrava fechada
(bom eu JURO que não arrombei nada!)
devido ao banho turco estar a ser reparado
(ora, tivesse-me eu lembrado de o experimentar na véspera e era mais uma flor a juntar ao ramalhete...)
Faço o reparo de que me deveriam ter informado minutos antes, na receção, quando levantei as toalhas, ou haver uma qualquer indicação visível... e eis que vejo dois trabalhadores surgirem, como se chamados à boca de cena. Ante o meu espanto, ela continua 'peço desculpa, vão ser só mais uns dez minutos, se não se importa de voltar daqui a pouco' e eu a repetir o tudo bem não tem importância enquanto me vestia (?!?) e que já se ia tornando habitual - ao mesmo tempo que, por dentro, repetia a meu mantra.
Decidida a continuar a, pelo menos TENTAR tirar coelhos da cartola, dirijo-me ao balcão de receção do SPA. Posso fazer um spa de mãos ou pés, ou quem sabe uma pequena massagem (serviços pagos à parte) enquanto espero para poder usar o que paguei para usar, penso. Solicito o serviço e "não é possível. A técnica não se encontra aqui, tem de marcar com antecedência...” alego que devia ter sido informada no momento do check in, dão-me razão (obrigadinha...) e, entre o perdida e o teimosa, insisto para a tarde. A resposta mantém-se negativa, 'posso tentar ligar mas digo-lhe já que quase de certeza, não vai ser possível'. E arremata com a repetição de ' tem de marcar com antecedência’. Ok, obrigada (por nada), viro costas e meto-me no elevador direto para o quarto. Onde estavam a proceder à arrumação, pelo que esperei no lounge que ficava em frente à porta. Sem me passar dos carretos!
sou mesmo aplicadinha nas coisas, quando é para descansar É PARA DESCANSAR, ouviste, Fátima?
E quando acabam a faxina do aposento, enfio-me por ele dentro, direto para... a caminha pois. Where else?
Nada irritada, mas bastante incomodada decido não descer para almoçar. Deixo-me ficar mais tempo de papo para o ar e como um pacotinho de bolachas de água e sal e uma gelatina.
E recomeço: visto o fato-de-banho, pego nas toalhas e desço à piscina. A temperatura ambiente agradável da manhã tinha descido. A água estava ainda mais fria (!!!) que na véspera e eu fiquei na espreguiçadeira a não-pensar-em-nada enquanto não enregelei com o fato de banho molhado. Quando tal aconteceu, passei pela casa da partida receção num pulinho sem receber os 200 euros, entreguei as toalhas subi ao quarto e repeti a rotina da véspera: liguei o ar condicionado primeiro, enfiei-me na cabine e a seguir, na cama. Desta vez ainda tiritava (acho que era nervoso miudinho - muita coisa a correr menos bem... - uma vez que já não havia razão para sentir frio). Mais uma horinha de sono, e jantar.
AH! O JANTAR!
Chego ao restaurante e sento-me, notando que as mesas estão disposta de forma um pouco diferente - e que há mais dois empregados de que nas outras noites. Peço o meu prato, vou debicando o meu vinho, começo a comer um risotto de pato absolutamente divino quando... o restaurante é invadido por umas dezenas de, presumo, médicos, ou técnicos de saúde, a julgar pelos temas de conversa, que me estragam literalmente o jantar. Primeiro, e principalmente por isso, porque fazem uma barulheira insuportável, e depois, porque estar a comer e a ouvir 'discursar ' (presumívelmente seria um dos oradores do congresso, ou lá o que foi, a quem se tinham esquecido de informar que a palestra terminara) sobre a artéria X, a artéria Y e a veia não sei dos quantos e o... olhem, o raio que o parta! Acabei o restante pato em dois tempos, sorvi duas garfadas de risotto (ainda estou com o prato atravessado, de não o ter usufruído!) engoli o resto do vinho, fiz sinal ao empregado, assinei o papel e desandei de rompante porta fora!
Já foi demais, mesmo!
Desço ao bar, pensando - e bem - que, se estavam todos lá em cima, ali estaria algum silêncio, e bebi três Baileys, enquanto li uns capitulos de 'Revenge wears Prada', a ver se acalmava. Quando vejo uma parede a desaparecer (painéis rebatíveis, fantástico!) e a sala a duplicar de tamanho, calculo que os senhores doutores lá de cima já estarão nos cafés e trato de pedir a conta e recolher ao quarto.
Chegada ao mesmo, pego no poncho, enrolo-me nele e decido ir à varanda apanhar ar. Abro os cortinados, até ao fim, e... não é possível passar para a varanda. Abrir, abre: aí uma nesga de 20 ou 25 cm, e depois os cortinados não a deixam abrir mais. Só me faltou fazer o pino, mas não havia mesmo maneira.
Pensais vós que me saltou a tampa? Não, não saltou. Para quê? Pensei, num suspiro, que era mais uma a juntar às reclamações que ia colocar em lista e entregar no dia seguinte aquando do check out.
Na última manhã, depois do pequeno almoço dei uma volta pelo exterior e fotografei, coisa que não me tinha apetecido fazer antes.
(o meu quarto não era nenhum destes...)
Depois fui ao quarto, arrumar as últimas coisas, sentei-me à consola e fiz a minha lista. No momento de pagar, agrafei um cartão de visita, e entreguei. Pediram-me muitas desculpas (de desculpas, trouxe a barriga cheia!) e disseram que iam entregar à direção.
Último acto desta tragicomédia:
antes de sair, decido ir tomar um café ao bar que abrira às 10:00h (eram 12:30h, mais ou menos) e pedi para me guardarem a bagagem no depósito enquanto o fazia. Claro com certeza!, e lá desci. Esperei. Bati com o anel no balcão do bar para me fazer notar; andei às voltas de um lado para o outro - os saltos altos no pavimento faziam ruído. Já a bufar, sento-me numa das poltronas, saco do telemóvel e ligo para a receção. Atendem como uma chamada exterior - que o era - e eu informo que "acabei de fazer o check out, e há dez minutos que estou no bar à espera E NÃO ESTÁ CÁ NINGUÉM. Fazem o favor de mandar alguém para me tirar um café?"
Vem uma das rececionistas, e peço também uma garrafa de água. E a conta, já (senão saía de lá no final do dia, a julgar pela amostra...) . Acto continuo informam-me que o café e a agua são oferta do hotel.
OBRIGADINHO!
(e agora estão com inveja? Estão? Pois é, uma pessoa tira uns dias para descansar e só não arranja uma úlcera porque a mente é mais forte que a matéria, pelos vistos. CARAMBA!)