Perdi-me.
Entre um zig e um zag, perdi-me. Na volta, troquei um pelo outro, ou se calhar foi outra coisa e nem me lembro:
ainda ontem estando sentadinha na poltrona da casa de banho,
olhei para o lado e estava a Piccolina a beber água numa verdadeira piscina - como é que não se esbardalhou no fundo, é um mistério mais misterioso que o de Oak Island - e eu olha! quem aqui está! quando tinha tapado o ralo do lavatório, aberto a torneira, dito espera e vai agora, como faço sempre (aposto que foi assim, porque é sempre) e não me lembro de nada.
Zip.
Nothing.
Mas dizia eu que me perdi.
Há 11 anos atrás a coisa - sendo a coisa, a blogosfera - era mais pequena, e era mais fácil ter carradões de subscritores, paletes de comentários, e tutti e tutti. E eu escrevia que me fartava: sobre tudo e sobre nada. Sabem aquela coisa de ir na rua e 'isto dava um excelente tema para um post', e puxar do talão do supermercado e mais do lápis dos olhos e escrever uma ou duas palavras que me fizessem lembrar quando chegasse a casa.
Os telemóveis não tinham câmaras e os primeiros a ter tinham preços bestiais de caros - então ia ao google imagens, usava o falecido Picnic do Picasa (atual Picmonkey) e editava-as. Às vezes socorria-me do Paint, mas irritava-me. Ah, e como sou muito preguiçosa nunca quis aprender a mexer no Photoshop (acho que sou a única cá em casa que não o sabe usar), mas foi mais porque nunca precisei, tudo o que precisei para enriquecer o blogue, aprendi, intuí, depreendi.
E depois a blogosfera cresceu, e o pessoal profissionalizou o hobby (e aqui o profissionalizou é uma pequena provocação, que não assim assim tantas as bloggers profissionais, cá):
- começaram a tirar workshops de fotografia, a comprar câmaras-tipo-deixa-me-apanhar-a-gotinha-de-suor-do-queixo-do-Cristiano-estando-eu-do-outro-lado-do-estádio;
- surgiram youtubers, que compraram câmaras de captação de imagem em movimento (também conhecidas por "de filmar") e começaram a fazer tutoriais, ou a botar discurso em vez de o escreverem*;
- e depois ligaram-se às redes sociais TODAS, e vai de atualizar o FB, o Instagram (de preferência com pics diferentes), e a tweetar coisas giras que dêem curiosidade a vir ao blogue, e pintrestizaram-se (o que eu gosto do pintrest!) e mais um não sei quantas redes, que já lhes perdi a conta, e não há semana em que alguém não me convide para duas ou três novas (em média).
E eu perdi-me.
Tenho a pagina no Facebook [quase a promover um concurso novo, que os 657 (salvo erro) seguidores não me chegam],
tenho a pagina pessooal do instagram (grande salganhada, mas eu sou só uma, embora devesse ter duas contas, bem sei),
a do twitter serve para partilhar posts - como a do google+, de resto, pelo que nem contam - e a do pintrest é o meu guilty pleasure: perco a noção do tempo...
Em meio a isto tudo, 11 anos são mesmo muito tempo, e a gente cresce, nem sempre para melhor, e os temas começam a ser analisados, e de tão analisados, um dois, três passou o tempo! e o que era oportuno passou a ser noticia de ontem...
Deixei de escrever no blogue como uma coisa divertida, para partilhar disparates e parvoíces que fazem rir, e comecei a analisar livros e filmes, quando acho que devo, quando tenho estado de espírito para tal, quando o filme merece um elogio, porque continuo a não gostar de dizer mal.
E a abordar assuntos atuais que me dão volta.
Comecei a verificar a ortografia, as gralhas dos primeiros posts do diário de uma dona de casa (uau, continua a ser o primeiro resultado do google!) agora só se encontram por lá, desandei a polir cada post como se fosse uma coisa para publicar em livro, e o que me divertia passou a ser... um peso.
E perdi-me.
Será que consigo descobrir um nicho novo onde me insira, ou melhor ainda, criar um canto que me faça ter gozo outra vez em blogging?
Wish so...
{é que nem é por nada mas estou mesmo a pecisar de uma paixão novinha em folha}
* coisa que me deu muito jeito quando o meu pai esteve comigo, porque comunicar, só falando...