Preciso que leiam este post, para entenderem o porquê do meu comportamento aparentemente errático
- estou, obviamente, a falar do desafio, mas por arrasto
Mais uma vez, falhei ao texto de quarta e não apresentei o quadro hoje.
Isto exige uma explicação. E podem alegar que não devo justificações a ninguém, mas a minha consciência diz-me que sim. Há duas semanas que não escrevo o texto da semana - e não tem nada a ver com as obras apresentadas - a inspiração encontra-se até numa pedra da calçada.
Penso que todos vocês, ou quase todos, sabem que o meu mundo implodiu à grande, no dia 23 de agosto. E que o que isso provocou no dia D arrastou-se até hoje. Em ondas de desespero e impotência, stresse e ansiedade que têm tentado ser amenizadas através de medicação, que tem ajudado, mas. E este mas tem muito que se lhe diga.
Ele - se não se recordam, podem ir ao link acima - estabeleceu contacto e a mãe aceitou, meio receosa, uma vez que os acontecimentos ainda eram recentes e a ferida permanecia bem aberta.
E é claro que descambou.
Qualquer um de vós, se conhecesse toda a história, me diria que estava-se mesmo a ver. Mas a parva é mãe, não é? Como é que a gente apaga o que sente por um filho? Vamos tendo um pouco de esperança - quem estiver de fora vai abanar a cabeça, ou bater com a mão na testa - mesmo quando logo à partida não se vê alteração na forma de pensar. E depois, toma lá bolachas para não seres parva.
Esta história começa há dez anos. Passou por abuso de substâncias, acabou em abuso de álcool, redundou em violência. Conseguimos a custo, que fosse morar com um amigo, e ele saiu naquele dia, a vociferar insultos.
Ela, vai casar em janeiro, dia três. Fizemos contas, não conseguíamos ir os dois, pelo que iria só eu. Ela disse que precisava de pensar. O irmão saiu e ela enviou a mensagem, disse que estava magoada porque nenhum de nós dois se entusiasmara com o seu casamento, e se o pai não ia, para a entregar*, então não queria que eu fosse porque, entre um punhado de mimos similares, eu sou manipuladora. Esta adjetivo persegue-me, dizem-no os dois, e nada podia estar mais longe da verdade. É uma característica que vai contra a minha essência, e meu eu. E no final da mennsagem, bloqueou-nos em todas as frentes, pelo que, mesmo que desejemos, o contacto é impossível.
Se pequei na educação dos dois foi por ser facilitadora. E pelos vistos relevei demasiado.
Ontem foi aquele bocadinho assim que faltava para eu entender que estou a ser uma perfeita idiota. Por não querer emprestar livros ao meu filho - não empresto livros, desde sempre, mais depressa ofereço, quando o posso fazer - este chamou-me "irresponsável", disse que "nunca fui uma mãe" para ele, que sou "mesmo uma pessoa horrível", sempre o "tratei mesmo muito mal", que sou egoísta, e acabou com um "espero que cresças e comeces a tratar de ti como uma menina crescida". E garantiu que nunca mais me contactava.
Por coincidência, há uns dias atrás comprei um monte de álbuns para fotos, daqueles com bolsas, e além da caixa onde as guardava, retirei as fotos que estavam nos álbuns com folhas em papel, demasiado grandes. Tentei organizar aquilo tudo, e pude ver os últimos trinta anos da minha vida: do nascimento da Inês, passando pelo meu casamento, nascimento do Tomás, primeiro dia de aulas de um e outro, todas as festas de aniversário, e fotos que lhes tirei, só porque sim. Talvez se isto não tivesse acontecido, eu me sentisse confusa depois de ontem ter sido metralhada, mais uma vez, por sms's ofensivas. Mas SEI que fiz tudo o que pude, o melhor que me foi possível. Dei tudo de mim, e mais não me pode ser pedido.
No entanto sinto-me (muito) magoada e fragilizada, mas (finalmente) ciente de que tenho de cortar o cordão umbilical afetivo, tenho de me tornar uma pessoa menos parva, abrir os olhos e pensar em mim - foi a última coisa que o meu médico me disse, quando saí da consulta, há uma semana. Ele não vai mudar, pensa só em ti. E o meu marido que está tão abalado como eu - somos dois saquinhos de stress pós traumático - já mo disse mais vezes de que conseguiria contar...
Tenho de aprender como se faz... andando se faz o caminho, passo o cliché...
Por tudo isto, meus amigos Ana de Deus, Ana Mestre, bii yue, Célia, Charneca Em Flor, Cristina Aveiro, Imsilva, João-Afonso Machado, José da Xã, não tenho sido capaz de escrever nada. Abro o pc, fico com vontade de vomitar para aqui as entranhas, e fecho a tampa. Hoje cedi e agora que vos sujei a todos e vos deixei a cheirar a azedo , espero que compreendam que ando com a cabeça em papas. Por tudo isto, peço que aceitem o meu pedido de desculpas.
No entanto, amanhã cá estará o quadro da próxima semana - a ver se desta vez consigo criar um texto para a próxima quarta feira! Se não conseguir, assimcumássim, já sabem o porquê...
* eles vivem juntos há dez anos, é assim tão importante ser "entregue" pelo pai? Feminismos à parte nem vou dizer a volta que "entregar" me dá às entranhas, mas prontx, o sonho é dela...