Raio de mania de atropelar a língua portuguesa - e não, não estou a falar do AO... (coisas que me encanitam #1)
{Pois que quanto ao Acordo Ortográfico, acho que já toda a gente adivinhou - ou leu por aqui algures - que sou a favor, ou pelo menos não tenho nada contra. As consoantes mudas são uma coisa que me faz espécie desde miúda, por isso abaixo com elas. E então, obviamente, o título em epígrafe não contempla o mencionado acordo}
Adiante, pois.
Se há coisa que me encanita - mas é que encanita MESMO! - é esta mania - podem chamar-lhe moda, que acredito que seja disso que se trata - de tanta gente se borrifar para as maiúsculas.
que os meses do ano não tenham direito a maiúsculas até advogo,
AO oblige
mas que comecem um texto com minúscula, e a seguir a cada ponto final se siga outra, põe-me quase fora de mim. Não consigo ler assim.
Aliás, conseguir LER, até consigo, o que me é particularmente doloroso é tentar criar lógica no que estou a ler.
Tropeço nos pontos finais como se estes fossem vírgulas, levanto-me, volto atrás a ler a mesma frase e pauso devidamente porque AQUILO É UM PONTO. Porreiro. E depois aparece outro, mais um, e lá volto eu atrás, a reler, a procurar o buraco da agulha onde devo enfiar a linha que é a ponta da meada.
Até que chega aquela altura em que DESISTO.
Porque não vale a pena, um livro, um texto, um post, não merecem a trabalheira que tanta tentativa e erro me dão. A sério: há tantos, mas tantos livros, textos e posts que são bons - ou até razoáveis - que não vale o equilibrismo cognitivo.
A primeira vez que me deparei com o "estilo" foi num livro do Walter Hugo Mãe - perdão, walter hugo mãe. E não, não "consegui" ler a obra - porque mesmo ao lado estava outra escrita de uma maneira... digamos clássica. Ou se calhar alguns até defenderão, "arcaica".
A mim, tanto se me dá.
Nunca mais comprei um livro do senhor por isso não sei se foi caso único ou se é habitual e costumeiro.
A seguir a um ponto final segue-se uma letra grande. Eu sei isso desde a primária, quando batismo ainda se escrevia baptismo. E vá, saia de lá essa prerrogativa de que faz mais sentido continuar a fazer uso das consoantes mudas como se "actor" fosse mais acurado de que "amanhã. ele disse-lhe que voltaria amanhã. e fê-lo por saber que ela estaria de novo de novo sozinha. ela sorriu e aquiesceu".
A mim atrofia-me.
Mesmo, mesmo a serio.