Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Porque Eu Posso 2.0

... e 'mái nada!

Quando eu era muito pequenina (juro, tipo dois anos, três), e andava tipo bonequinha com a mãe, vestidinho rodado, curtinho, totós e laçarotes de seda nos mesmos, soquetes rendadas e sapatinhos de furinhos (a que chamavam sandálias), íamos muito ao Chiado. Descíamos a Rua Garret e invariavelmente entrávamos nos Grandes Armazéns do Chiado, em cuja entrada principal - hoje entrada do centro comercial - havia um reposteiro de veludo imenso, daquele grenat-pano-de-palco, e um porteiro fardado. E no Natal, obrigatoriamente íamos ver as montras dos Grandes Armazéns, em que ficava deslumbrada com os bonecos animados eletricamente por magia.

E desciamos à baixa, que nessa altura era cheia de gente, lanchávamos na Pastelaria Suissa, e percorriamos a rua Augusta, até à Casa Africana.

(depois o porteiro do Chiado desapareceu, o tempo foi passando e os Grandes Armazéns foram vendidos a um grupo de fancaria que lhe retirou todo o já pouco fausto, e o reduziu a uma coisa inominável).

Bom, andava eu a tirar o curso de design, quando o Chiado ardeu. Ainda hoje sinto um frio na barriga quando me lembro. Tive de ganhar coragem umas boas semanas antes de subir o elevador de Santa Justa e de ver lá de cima o que parecia o cenário de um bombardeamento.

Verdade ou consequência, a baixa murchou e depois morreu. As pessoas passaram a ir apenas aos centros comerciais, e nem paravam ali. Depois de escurecer era desaconselhado fazê-lo pela criminalidade associada à zona.

Entretanto, em 2015 foi o boom que já vinha a ser preparado: a baixa pulsa, palpita, pulula de gente - que não fala português, mas que vai enchendo os cofres do comercio local, que esteve há tão pouco tempo em vias de extinção, e os cofres do Estado, o que (pelo menos em teoria) ajuda o país a segurar-se nas pernas, depois da quase-banca-rota - risco de que ainda não saímos, digam lá o que disserem. Estamos mais longe, sem dúvida, mas um abanão na Europa e somos o elo mais fraco, adeus.

Eu gosto. Gosto de ver Lisboa tão vibrante de gente interessada, de máquina em riste a fotografar tudo, de ouvir três ou quatro línguas diferentes quando me sento numa esplanada, de responder a pedidos de direção em inglês (toooda a minha gente fala inglês, independentemente do país de origem).

Gosto.

Certo, o lixo - reforcem as equipas de limpeza -  e, pior o barulho à noite, são o outro lado da moeda.

Mas, senhores, eu lembro-me da baixa fantasma, e olho HOJE para baixa mais viva de sempre.

Turistas? Welcome, Bienvenues, Willkommen, Bienvenidos, Benvenuti (e por aí adiante).

welcome.jpg

Bacci 

4 comentários

  • Imagem de perfil

    Fátima Bento 27.08.2015

    Ih, nem me faes em tralhas! Três semanas de férias e seis sacos de roupa para a H&M, um saco de 100 litros com lençóis para o contentor junto da estação de comboio, e mais quatro sacos de 120 litros no lixo, AINDA tenho o quarto atafulhado de merdelins!!!! Como o meu marido diz, em vez de ir à loja chinesa, procura em casa... vai lá vai...
    Mas Lisboa está tão vibrante! Até dá gosto
  • Sem imagem de perfil

    Filipa 27.08.2015

    Roupas não ligo muito, eu é mais tarecada tipo loiças, bugigangas," alta tecnologia" de cozinha dos anos 60 e coisas do género. A vantagem é que fica tudo resumido á cozinha mas lá não é fácil entrar
    Qualquer dia junto a tarecada toda e lá vou eu para a feira vender!!!
  • Imagem de perfil

    Fátima Bento 27.08.2015

    E é uma excelente ideia! Na Feira da Ladra é capaz de ser difícil conseguires espaço, mas há por aí mais umas quantas feiras onde se pode fazer o mesmo. E coisas que se podem vender na net?
    Eu vou pôr à venda este fim de semana uma poltrona nova que comprei na Ikea e nunca usei, e um escorredor de loiça lindo (que idem), também da mesma marca (ainda não tive tempo de fotografar...). Para além disso tenho uma enciclopédia de História de Portugal com 'encadernação de luxo', acho que 15 volumes, revista pelo Hermano Saraiva, pelo José Matoso e mais umas sumidades que me está a ocupar uma prateleira inteira.
    Ah, e um album digital.
    Tirando os Ikea, vou provavelmente ter de recorrer ao OLX.
    Ahm e tenho umas chávenas de café e de chá da Bodum também para despachar... OLX?
    A roupa, tem a ver com o fato de, apesar de ir deixando de servir ir sendo sendo guardada em caixas. Este ano, no meu 42/44 despachei tudo. Nunca vou passar abaixo do 40 (não quero) e se lá chegar (que não é coisa que me preocupe), é de celebrar com roupa nova.
    Kaput, parágrafo.
  • Comentar:

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.